Mercado de trabalho

Bancos fecham 9.200 vagas no ano, cortando mais velhos e com maior tempo de casa

Segundo levantamento, setor segue demitindo gente com salário maior e contratando pessoal com menor remuneração

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Bancos múltiplos, como o Santander, fecharam 7.302 vagas, 78,9% do total

São Paulo – O setor bancário eliminou 9.258 postos de trabalho formais de janeiro a setembro, crescimento de 52,2% em relação a igual período de 2015 (6.084), segundo levantamento do Dieese divulgado hoje (31) pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). O número fica próximo do total de empregos com carteira assinada eliminados durante todo o ano passado (9.886). De acordo com a pesquisa, a maioria dos cortes inclui trabalhadores mais velhos e com mais tempo no emprego.

Num momento onde o governo ataca a previdência dos trabalhadores e pretende aumentar a idade para aposentadoria, os bancos promovem um desligamento dos trabalhadores mais velhos e com maior tempo de serviço. É uma demonstração de como os trabalhadores correm riscos com esta reforma da previdência. Vai ser cada vez mais difícil o trabalhador conseguir se aposentar porque não vai encontrar mais oportunidades de trabalho a partir de certa idade”, diz o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten.

Os chamados bancos múltiplos com carteira comercial, que inclui as principais instituições – como Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander – fecharam 7.302 vagas, 78,9% do total. Só a Caixa Econômica Federal eliminou 1.992 (21,5%).

O levantamento mostra que o setor segue praticando “troca” de funcionários, cortando vagas de maior e ampliando as de menor remuneração. Os 15.936 admitidos de janeiro a setembro tinham salário médio de R$ 3.708,44, enquanto os 25.194 demitidos no mesmo período recebiam R$ 6.397,98 – uma diferença de 58%.

A pesquisa aponta ainda manutenção da tendência de desigualdade entre homens e mulheres. As 7.983 mulheres admitidas neste ano, até setembro, recebiam R$ 3.088,55, em média, valor correspondente a 71,3% dos ganhos dos homens contratados nesse período (R$ 4.330,67). Isso também foi verificado nas demissões.

Quando se acentuou o processo de redução de postos de trabalho, fizemos reuniões com alguns bancos que desconversaram dizendo tratar-se de ajustes. Negaram ser uma tendência. Agora está absolutamente claro: é uma reestruturação e tem tudo a ver com a necessidade de redução de despesas operacionais”, afirma o presidente da Contraf-CUT. “A reestruturação está sendo feita no sentido de trocar empregados com menor conhecimento de tecnologia por empregados mais especializados. Além disso, recebendo salários menores, uma vez que estão em começo de carreira.”

Apenas quatro estados abriram vagas neste ano, com destaque para o Pará, com 105. Em São Paulo, são 4.383 empregos formais a menos, 47% do total. Em seguida, vêm o Rio de Janeiro (-1.463) e Paraná (-678).

As contratações concentraram-se na faixa de 18 a 24 anos, que tem saldo de 3.630. A partir dos 25, todas as faixas têm cortes, com destaque para o intervalo de 50 a 64 anos, que eliminou 5.745 (62% do total). Ainda entre os demitidos, a maior parte (8.838, 35%) tinha dez anos ou mais de emprego. Outros 5.431 (21,6%) tinham de cinco a dez anos.

Do total de demissões, 15.480 (61%) foram sem justa causa. Os desligamentos a pedido do funcionário representaram 7.224 (29%).