crise no setor

Volkswagen completa uma semana parada por falta de peça

Fameq, fornecedora de peças estampadas à montadora alemã nas unidades de São Bernardo, Taubaté e São José dos Pinhais, interrompeu entregas em julho

Volkswagen do Brasil/divulgação

De março de 2015 até o momento, foram mais de 100 dias parados no somatório das três unidades

ABCD MaiorA unidade da Volkswagen em São Bernardo, no ABC paulista, completa uma semana de produção paralisada hoje (2) por falta de fornecimento de materiais. Esta é a terceira vez neste ano que a montadora dispensa os funcionários por longo período devido aos problemas de entrega, inclusive em outras unidades fabris como Taubaté e São José dos Pinhais (PR). Desta vez o atraso está relacionado à empresa Fameq, do Grupo Prevent, que fornece peças estampadas para atender as áreas de armação das carrocerias nas três plantas.

A Fameq é uma metalúrgica instalada na capital paulista e foi recentemente comprada pelo Grupo Prevent – multinacional alemã que conta com outras companhias fornecedoras da montadora como a Mardel, Cavelagni e Keiper – e, desde então começou a apresentar problemas de fornecimento e interrompeu as entregas em meados de julho à Volks.

“Esse fornecedor, com um relacionamento comercial sem problemas com a Volkswagen por mais de 40 anos, teve sua atuação completamente alterada ao ser adquirida pelo Grupo Prevent. Diante da paralisação na fabricação de carrocerias, a empresa se viu obrigada a suspender diversos turnos de produção”, informou a montadora por meio de nota.

Em junho, a fábrica também sofreu paralisação por falta de fornecimento de bancos pela empresa Keiper. Ao todo, de março de 2015 até o momento, foram mais de 100 dias parados no somatório das três fábricas de veículos, o que representa impacto de 90 mil veículos que deixaram de ser produzidos.

Apreensão

Na avaliação de um dos trabalhadores, que preferiu não ser identificado, o que resta aos funcionários é a apreensão de não saber o que acontecerá na empresa. “O clima está péssimo, todos estão temerosos. Ninguém fala nada, parece uma estratégia de pressão mental, principalmente depois do aviso de possíveis demissões”, relatou.

No início de julho, a montadora comunicou excedente de 3.600 trabalhadores na unidade de São Bernardo que deveria ser gerenciado diante da queda do setor automotivo. As negociações entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ainda estão em curso, sem definições.

Por meio de nota, a Volkswagen informou que o grupo fornecedor tem descumprido contratos e reiteradamente faz solicitações de aumento de preços e pagamento injustificado de valores. “O Grupo Prevent tem se mostrado inflexível, elencando uma série de condições (que nada tem a ver com o contrato atual) para a continuidade do fornecimento, incluindo exclusividade para os próximos projetos. A problemática nos fez recorrer à Justiça, já que o Grupo multinacional Prevent continua a gerar problemas para a Volkswagen do Brasil, seus funcionários e toda a sua cadeia de fornecedores”, reiterou a nota.

Até o momento não foi comunicada previsão de retomada da produção nas unidades. A reportagem tentou contato com a Fameq e com o Grupo Prevent, mas não conseguiu localizar porta-vozes até a publicação desta matéria.