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FUP diz que Pedro Parente mentiu ao afirmar que não faria indicações políticas

Federação divulga nota em resposta à criação da nova Diretoria de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão da empresa, criada para abrigar Nélson Silva, apadrinhado do presidente interino

José Cruz / ABr

Parente está à frente da Petrobras desde 19 de maio, indicado pelo vice-presidente em exercício Michel Temer

São Paulo – A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou hoje (30) manifesto contra o presidente interino da Petrobras, Pedro Parente, e em resposta à criação da nova Diretoria de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão da empresa. A entidade afirma que Parente “mentiu para os trabalhadores e para a sociedade” ao fazer a declaração, em 19 de maio, de que “não haverá indicações políticas na Petrobras”. A afirmação foi feita em entrevista coletiva, logo após Parente ter sido indicado para encabeçar a empresa. A afirmação foi repercutida com estardalhaço pela imprensa comercial e elogiada pelo mercado.

“Agora não há mais dúvidas de que Pedro Parente mentiu quando afirmou que não haveria mais indicações políticas na Petrobras. Na quarta-feira (29), o Conselho de Administração da empresa aprovou a criação da Diretoria de Estratégia para abrigar Nelson Silva, apadrinhado do presidente interino, que, no dia 6 de junho já havia lhe agraciado com o cargo de consultor sênior de estratégia, criado especialmente para ele”, afirma o texto da FUP.

Os conselheiros e diretores que aprovaram sem pestanejar tal medida são os mesmos que até alguns meses atrás vinham defendendo a “disciplina de capital” a ferro e fogo, impondo aos trabalhadores drásticos cortes de custos e o esquartejamento da Petrobras, destaca ainda a nota da FUP. “Durante meses, o Conselho de Administração discutiu a reestruturação da empresa e, em momento algum, foi sequer ventilada a ideia de uma diretoria de estratégia”.

A representação dos trabalhadores, por meio de Deyvid Bacelar, chegou a propor que a gerência executiva de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde), que já tem estrutura montada, passasse a atuar como diretoria, para que dessa forma pudesse haver autonomia na implementação de uma nova política de segurança. “Nem isso foi aprovado, sob a alegação de que iria onerar as contas da empresa”, diz a FUP.

“Agora, de uma tacada só, o CA aprova a criação de uma nova diretoria com o propósito mais do que evidente de empoderar o escudeiro de Pedro Parente, dando-lhe total autonomia para cumprir os compromissos que Temer assumiu com os financiadores do golpe: entregar o pré-sal às multinacionais, tirando a Petrobras da função estratégica de operadora única, e doar ao mercado os ativos da companhia.”

Nelson Silva, que já vinha executando a toque de caixa a venda de ativos, terá agora à sua disposição uma estrutura completa para tentar acelerar o desmonte da maior empresa do país, segundo avalia a representante dos trabalhadores. “Experiência é o que não lhe falta. Por onde passou, deixou sua marca registrada: reestruturações e privatizações. Fez isso na Vale do Rio Doce, na Comgás e na BP, onde foi um dos articuladores da fusão com a Shell, que passou a deter participações estratégicas nos principais campos do Pré-Sal, tornando-se, assim, a maior concorrente da Petrobras”, diz a nota.

“E, sem a menor dificuldade, o interino Pedro Parente colocou a raposa para tomar conta do galinheiro. Tudo com a conivência do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva, que já vinham atuando a serviço do mercado”, acrescenta a FUP. “Agora contam também com uma ajudinha extra da conselheira eleita que ocupou a vaga dos trabalhadores, com o apoio das gerências. Se não houver reação à altura dos trabalhadores e dos setores da sociedade organizada que defendem a soberania nacional, eles vão aniquilar os maiores patrimônios desse país que são o pré-sal e a Petrobras. Essa é a luta que está posta para os petroleiros. E não é de hoje.”