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Paul Singer reafirma importância da economia solidária contra o desgaste do emprego

Ativistas e militantes defenderam, durante o Fórum Social Temático de Porto Alegre, a manutenção da Secretaria Nacional de Economia Solidária

divulgação/fsmt2016

O público, que lotou o auditório durante o painel, estendeu uma bandeira com o logo da Senaes

São Paulo – A mesa de convergência “Economia solidária e democracia econômica” realizada ontem (21) além de ter sido uma das mais concorridas do Fórum Social Temático de Porto Alegre até agora, e de ter reunido duas referências internacionais sobre o tema – Paul Singer e Boaventura de Sousa Santos, além da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) –, festejou que é crescente o número de pessoas no mundo que vem se apropriando do conjunto de ideias da economia solidária como forma de combater o desemprego e as demais mazelas do capitalismo. Lembrou, porém, que apesar de avanços, há muito

Singer, economista da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) apontou esta visão encontra cada vez mais relevância para fazer frente à uma sociedade em crise. “Na Espanha o que mais mata é suicídio. Muitos jovens não conseguem trabalho que não seja informal, sem direitos (…) Já temos no mundo inteiro um movimento de economia solidária, ao lado do desgaste do emprego”, disse.

Boaventura de Sousa Santos, sociólogo da Universidade de Coimbra, em Portugal, onde coordena um grupo de pesquisas do assunto, aproveito o evento para sair em defesa da Senaes, ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego. “Não podemos deixar que perca peso no Brasil a economia solidária. É muita gente que é atendida por ela (…) Esse fórum está contra o golpe, junto à presidenta Dilma. Mas que ela não esqueça: ela tem que ajudar o povo a defendê-la.”

Logo no início, Marta de Souza, ativista de economia solidária do Rio Grande do Norte, relatou uma experiência pessoal de como a economia solidária a ajudou a conseguir independência como artesã. Ela foi sucedida por Alfonso Cortera, do Peru, que argumentou que o tema deve ser encarado como uma “política de apoio ao desenvolvimento, não apenas como alternativa para os pobres”.

Economia solidária compreende um conjunto de práticas econômicas organizadas através de autogestão

Singer, dialogando acerca das possibilidades de criação de modelos autogestionados de forma solidária, recordou que “nós não sabemos como construir uma economia socialista, porque nunca foi construída até o fim. Precisamos descobrir na prática como se constroi. Primeiro, eliminar toda a propriedade privada dos meios de produção”.

Uma das iniciativas apresentadas no painel foi a expansão dos bancos comunitários. Joaquim Melo, que é um dos pioneiros no assunto, fundador do Banco de Palmas, criado em uma favela de Fortaleza, contou que o processo para ter tal atividade reconhecida incluiu luta e resistência, até que, em 2010, “o Banco Central se curvou e reconheceu que os bancos comunitários e as moedas sociais são um direito do povo (…) que tem direito de escolher onde bota seu dinheiro e onde organiza suas finanças”, disse.

A articulação realizada a partir do Banco de Palmas resultou na Rede de Bancos Comunitários do Brasil, que atualmente conta com mais de 103 bancos em todo o país. Desde então, o Brasil virou referência mundial em economia solidária a partir do microcrédito. O modelo foi comemorado por Boaventura. “Estamos tentando levar o modelo para Portugal e para a África”, alertou.

Por sua vez, a deputada Maria do Rosário classificou a política econômica adotada pela gestão da presidenta Dilma como injusta. “Solidários à presidenta, temos que dizer que não aceitamos essa política”, disse. Em defesa da Senaes, a petista afirmou que “a crise econômica é uma crise da acumulação do capital financeiro (…) A economia solidária, com sua implantação, aprofunda as bases de sustentação do governo.”