Selic

Copom mantém novamente taxa de juros em 14,25%

Decisão não foi unânime: dois diretores queriam aumento de meio ponto percentual

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve em 14,25% ao ano, pela quarta vez seguida, a taxa básica de juros (Selic), sem viés. A decisão, anunciada às 20h25 de hoje (20), não foi unânime: seis votaram pela manutenção, enquanto dois diretores do colegiado defenderam a elevação em meio ponto percentual, como chegaram a projetar, até ontem (19), analistas do mercado.

Foi uma reunião particularmente tensa, depois que o presidente do BC, Alexandre Tombini, manifestou-se, ontem, a respeito de projeções feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a economia brasileira, afirmando que todo dado relevante é considerado nas decisões do colegiado. A atitude recebeu críticas de analistas vinculados ao mercado financeiro, por supostamente indicar mudança de postura do comitê.

Essa questão se evidencia pela nota divulgada ao final do encontro. O BC afirma que o Copom decidiu não mexer na Selix ao avaliar “o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, e considerando a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas”.

O mercado esperava majoritariamente uma alta mais expressiva, justamente na casa de meio ponto. Centrais sindicais e empresários pedem redução dos juros, argumentando que a política monetária sufoca ainda mais o setor produtivo e a economia real, em um momento de crise e estagnação.

A Selic está em 14,25% desde julho do ano passado. Apesar da manutenção, é a maior taxa nominal desde 2006.

Nos dois primeiros anos do primeiro governo Dilma, entre 2011 e 2013, a taxa básica de juros foi reduzida até chegar a 7,25%, seu menor nível histórico. O processo se inverteu a partir de abril de 2013, quando a Selic voltou a subir de forma contínua.

“Parece que todos, menos o governo, já entenderam que a política vigente, em especial a alta de juros, não tem sido eficaz para que conquistemos a principal promessa da presidenta Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral, que foi a ampliação da geração de emprego”, disse ontem, em entrevista ao portal da entidade, o presidente da CUT, Vagner Freitas.

“A política econômica do governo está quebrando o país”, disse, em nota, o presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP). Segundo ele, a manutenção da Selic “continua abusiva”, além de não baixar a inflação. “O resultado dos juros altos é desastroso na vida de todos.”

A próxima reunião do Copom será em 1º e 2 de março.