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Em posse de Barbosa, Dilma diz que objetivos são crescimento, equilíbrio e ‘metas realistas’

Presidenta garante que ministros da Fazenda e do Planejamento devem perseguir 'imediato crescimento econômico', mas aponta necessidade de manter contas equilibradas e critica 'quanto pior, melhor'

Roberto Stuckert Filho/PR

Barbosa e Dilma: mudanças no governo não alteram objetivos de curto prazo

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff disse no final da tarde de hoje (21), na cerimônia de posse dos novos ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e do Planejamento, Valdir Simão, que as mudanças no governo não “alteram os objetivos de curto prazo”. Segundo ela, esses objetivos são o equilíbrio fiscal, a redução da inflação e das incertezas e o crescimento econômico. Dilma afirmou acreditar que “o equilíbrio e o crescimento podem ir juntos”. Ela também disse que “a tarefa dos ministros Nelson Barbosa e Valdir Simão é de perseguir imediato crescimento econômico”. Barbosa, ex-ministro do Planejamento, substitui Joaquim Levy.

A presidenta declarou, em curto discurso, que o objetivo do governo também se mantém direcionado a “garantir o desenvolvimento e a reduzir as desigualdades nacionais e regionais”. “Precisamos ir além de corte de gastos a apontar para desenvolvimento com robustez macroeconômica.” Segundo ela, os ministros Barbosa e Simão estão orientados a “trabalhar com metas realistas, estabilizar a divida pública e retomar crescimento sem mudanças bruscas”.

Dilma admitiu a atual crise, mas atribuiu objetivamente os problemas econômico-políticos a alguns fatores. “A taxa de crescimento foi afetada por fatores externos e internos: redução do preço das commodities, do petróleo, (problemas na) construção civil e crise política baseada no quanto pior melhor”, disse.

Ela fez uma alusão à Operação Lava Jato, sem citar qualquer nome, ao dizer que o governo apoia o combate à corrupção, mas que esse combate não pode prejudicar o país. “Queremos punição, mas o necessário enfrentamento da corrupção não deve causar prejuízos à economia.” Desde o ano passado, diversos economistas e cientistas políticos têm observado que a Operação Lava Jato é uma forte componente na redução do PIB este ano, que chegou a 3,5%.

De acordo com consultores, cujas opiniões foram divulgadas inclusive na mídia tradicional, a Lava Jato teria sido responsável por cerca de 2,5 pontos percentuais na retração do PIB em 2015.

Na cerimônia de transmissão de cargo, o ministro Nelson Barbosa afirmou que “o controle da inflação é prioridade no governo”. Ele defendeu a necessidade de diminuir rigidez do orçamento e declarou ainda que a produtividade será essencial para o país sair da crise. “O aumento da produtividade é que compatibiliza com a recuperação do crescimento e geração de empregos”, disse. “Com a recuperação do crescimento, voltaremos a gerar empregos.”

Após afirmar que os desafios que ele e o governo têm pela frente “exigem medidas imediatas”, voltou a acenar ao mercado. “Apesar das turbulências econômicas, os investidores nacionais e internacionais podem continuar acreditando no Brasil”, disse o ministro.

Ele exortou ainda os outro ministérios, o Congresso, empresários e trabalhadores a colaborar na viabilização das metas do governo.

Com investidores

Mais cedo, na mesma linha, Nelson Barbosa disse, em conversa com investidores, que o governo mantém o comprometimento com o ajuste fiscal e fará o necessário para cumprir a meta de superávit primário de 0,5% do PIB em 2016.

Barbosa afirmou também contar com a aprovação da nova Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), mas que será preciso encontrar alternativas caso a proposta não passe no Congresso. Ele disse ainda que o governo fará “o que for necessário” para atingir a meta de superávit fiscal (economia para pagamento de juros), fixada em 0,5% do PIB para 2016.

A preocupação, afirmou o novo ministro aos investidores, é “criar condições para primeiro estabilizar e depois aumentar o investimento” no país. 

“Acertamos com o Congresso Nacional a redução da meta de 0,7% para 0,5% do PIB, com uma margem para investimentos, mas a decisão terminou não sendo essa. Mesmo assim, vamos perseguir esse objetivo (0,5% do PIB) e fazer os ajustes”, disse Barbosa.