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Pochmann cobra política de combate à inflação para além da taxa Selic

Economista afirma que manutenção de juros em patamares elevados faz com que governo, empresas e famílias gastem mais

associal.org

São Paulo –Mesmo que não opte por mais uma alta, a manutenção da taxa básica de juros em níveis elevados vem se mostrando ineficaz no combate à inflação e impacta negativamente na economia, pois faz com que governo, empresas e famílias tenham que gastar mais para se financiar. Essa é a avaliação do economista e professor Marcio Pochmann, que vê a necessidade de uma política mais ampla de combate à inflação, que não se atenha apenas à taxa de juros como instrumento. O Banco Central conclui hoje (21) reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) com a expectativa de manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano.

O presidente da Fundação Perseu Abramo lembra que o clico de aumento já dura 30 meses, desde abril de 2013, quando a Selic estava em 7,25%. Apesar de a taxa de juros ter praticamente dobrado desde então, os índices de inflação também subiram, de 6,6% para 9,5%, no mesmo período. “Precisamos reavaliar se, de fato, a política de elevação dos juros está produzindo resultados em relação ao problema da inflação no Brasil”, questiona Pochmann.

Para ele, é preciso considerar que a elevação da taxa básica de juros faz com que o governo tenha que gastar mais para financiar a dívida pública. Segundo ele, cada 1% de aumento na Selic resulta em mais R$ 14 bilhões nos custos de rolagem da dívida.

“Temos uma contradição: de um lado os ministério da Fazenda e do Planejamento vêm buscando reduzir gastos e aumentar impostos, para ampliar a receita, e de outro lado, temos um Banco Central gastador”, analisa o economista.

Para conter a inflação, o economista diz que o governo deveria ter optado por fazer a recomposição dos preços administrados (tarifas controladas pelo governo) de maneira mais gradual, bem com o processo de maxidesvalorização do real frente ao dólar, que também contribuiu para a elevação dos preços de produtos importados.

Outra alternativa proposta por Pochmann para a contenção dos preços dos alimentos, que produzem forte impacto nos índices de inflação, seria a criação de estoques reguladores, que poderiam ser utilizados em momentos de aceleração dos preços.

“Equívocos e, ao mesmo tempo, a falta de ações mais amplas terminam fazendo com que se apele apenas e tão-somente para os juros para combater a inflação, mas os resultados não são os esperados, pelo contrário”, conclui.

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