Copom

Centrais protestam, indústria reclama, mas juros devem subir

Comitê do Banco Central reúne-se pela quinta vez em 2015 e deve aprovar a sétima elevação seguida. 'Ajuste do ajuste' aumentou aposta em alta maior

Marcos Santos/USP Imagens

Juros altos: para as centrais, política monetária é “ineficaz” no combate à inflação, principal argumento do BC

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reúne-se pela quinta vez este ano, hoje e amanhã (28/29), e deve aprovar a sétima elevação consecutiva da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano. Se duas semanas atrás a aposta majoritária era em uma alta “moderada” – de 0,25 ponto percentual –, nos últimos dias cresceu a especulação sobre um aumento de meio ponto, o que levaria a Selic a 14,25%, no maior nível em nove anos. O resultado sai na noite de amanhã.

A contínua elevação dos juros – que no início de 2013 estavam em 7,25%, menor índice da história – provocam reclamações, principalmente, de trabalhadores e do setor industrial. Centrais sindicais fazem manifestações hoje, em São Paulo e Brasília, contra o Copom e a política econômica. Ontem, CSB, CTB, CUT, Força, Nova Central e UGT divulgaram manifesto no qual afirmam que a política do governo, incluído o ajuste fiscal, “derruba a atividade econômica, deteriora o mercado de trabalho e a renda, aumento o desemprego e diminui a capacidade de consumo das famílias e, mais, reduz a confiança e os investimentos dos empresários, o que compromete a capacidade de crescimento econômico futuro”.

A revisão da meta fiscal, divulgada na semana passada pelo governo, também provocou mudanças nas apostas em relação à reunião do Copom. Agora, analistas e investidores falam majoritariamente em alta de meio ponto. Alegam que a redução do esforço fiscal para pagamento de juros, “um ajuste do ajuste”, reduz a credibilidade do governo. Ninguém fala em corte ainda este ano, imaginando que 2015 fechará com Selic em 14,5%.

Para as centrais, a política monetária é “ineficaz” no combate à inflação, principal argumento do Banco Central. Além disso, torna mais caro o crédito para consumo, inibe investimentos e diminui a arrecadação do governo. “Nesse contexto adverso somente os bancos estão ganhando”, afirmam.

A última redução da Selic foi em outubro de 2012, de 7,50% para 7,25%, em um momento de cortes contínuos, iniciado em agosto de 2011. O Copom manteve a taxa nesse nível durante mais três reuniões, e a partir de abril de 2013 voltou à política de altas.

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