Análise

Saiba o que muda na economia com o acordo entre Brasil e China

Presidente da Câmara de Comércio Brasil-China aposta nos fundamentos sólidos da economia brasileira. Professor da UFABC diz que nova ferrovia deve baratear exportações

reprodução/TVT

Presidenta Dilma e primeiro-ministro chinês Li Keqiang assinam acordos de comércio

São Paulo – Na última semana, durante a visita do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, Brasil e China anunciaram uma parceria comercial que chamou a atenção do mundo. Ao todo, foram assinados 35 acordos que soma mais de US$ 50 bilhões de investimentos chinês no país, em áreas de tecnologia, infraestrutura, energia e agricultura.

Para o economista Vitor Eduardo Schincariol, da Universidade Federal do ABC (UFABC), que falou à equipe de reportagem do Seu Jornal, da TVT, essa parceria consolida a China como principal parceiro comercial e vai ajudar o Brasil a enfrentar as consequências da crise econômica mundial.

Já Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio Brasil-China, diz que o acordo consolida a China como a mais importante parceira do Brasil e ressalta que as trocas comerciais entre os países foram de cerca de US$ 80 bilhões, no ano passado.

Um dos destaques desse acordo é a construção da ferrovia transoceânica que vai ligar o Brasil ao Oceano Pacífico pelo Peru, que deve baratear as exportações de produtos brasileiros. “É claro que, se se constrói uma ferrovia e não passa mais pelo canal do Panamá, se consegue baratear o frete”, frisa Vitor Eduardo.

Do lado dos chineses, esses acordos devem garantir a manutenção das exportações brasileiras de commodities, como a soja, o minério de ferro e também a carne bovina, em um momento em que a China está incentivando a população do campo a morar nos grandes centros urbanos.

Tang ressalta que o acelerado processo de urbanização nos territórios chineses levam a um aumento de demanda. “Como o pessoal dos centros urbanos da China ganha cerca de sete vezes mais do que o pessoal dos campos, haja habitações, haja automóveis, haja geladeiras, eletroeletrônicos, haja minério de ferro do Brasil.”

O professor da UFABC alerta que o Brasil precisa diversificar os investimentos para não ficar refém da exportação de produtos primários e prejudicar ainda mais a indústria nacional, que já anda em ritmo bem lento.

“O grande problema das trocas comerciais entre China e Brasil é que cerca de 80% das exportações brasileiras para a China são de mercadorias que nós consideramos de produção primária”, afirma Vitor Eduardo.

Os investimentos do governo chinês também devem beneficiar a Petrobras com US$ 7 bilhões e a Embraer com a venda para a China de 40 aviões. Tudo isso deve refletir na criação de empregos.

“Os fundamentos do Brasil são sólidos. Acho que o problema atual brasileiro é muito mais jurídico e de disputa política do que propriamente econômico”, afirma o presidente da Câmara de Comércio Brasil-China.

Assista à reportagem completa do Seu Jornal, da TVT: