Petrobras

Para economista, ações são uma aposta segura no longo prazo

Comissão de Finanças e Tributação da Câmara agenda audiência para discutir crise na Petrobras e 'incerteza' de investidores, segundo deputado tucano. Jorge Mattoso considera que justificativa não é séria

Arquivo/ABr

Resultados decorrentes da enorme capacidade produtiva da estatal garantem pepéis de investidores

São Paulo – A agenda da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara prevê para a próxima quinta-feira (21) uma audiência pública, convocada pelo deputado Silvio Torres (PSDB-SP), para discutir desdobramentos da crise na Petrobras no mercado de ações. “As ações da Petrobras sempre foram fonte segura de investimento, mas a crise que hoje ronda a estatal traz incerteza e instabilidade para o mercado”, argumentou  o tucano, ao justificar a audiência. Segundo ele, as ações da companhia perderam 37,6% do valor. O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Leonardo Gomes Pereira, e a procuradora-chefe do órgão, Julya Sotto, participam da reunião da comissão.

O economista Jorge Mattoso, professor aposentado do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e ex-presidente da Caixa Econômica Federal (2003-2006), considera que a justificativa do tucano não é séria. Segundo Mattoso, dependendo do período que se escolhe arbitrariamentepode-se dizer que a cotação dos papéis da estatal caíram ou subiram significativamente. “O deputado está pegando o extremo superior e o inferior (do histórico das ações)”, afirma.

“O valor das ações é jogado para baixo desde a questão do início da Operação Lava Jato, o que era de certa maneira inevitável. Mas quem aposta em ações da Petrobras no longo prazo está tranquilo. Com longo prazo quero dizer dois, três, cinco anos.”

Por exemplo, entre 2 de setembro de 2014, quando as preferenciais atingiram seu maior valor nos últimos 12 meses (R$ 24,56), até a sexta-feira 15 de maio (quando ficaram em R$ 14,06), elas desvalorizaram 42,7% (índice próximo ao mencionado por Silvio Torres).

Porém, considerando apenas o ano de 2015, ocorre completa inversão no quadro. De 30 de dezembro de 2014, último dia útil do primeiro mandato de Dilma Rousseff (quando as ações PN estavam cotadas a R$ 10,02), até o mesmo 15 de maio, as preferenciais valorizaram 40%. Nesta segunda-feira (18), as ações preferenciais da companhia (mais negociadas) fecharam a R$ 13,78, queda de 1,99% em relação a sexta-feira (R$ 14,06).

Mattoso diz que o sobe e desce das ações “é uma aposta (de investidores no mercado), sobretudo para aqueles que jogam no curto prazo”. Entretanto, o longo prazo dá tranquilidade por motivos concretos, acredita, como o balanço do primeiro trimestre de 2015, apresentado pela Petrobras na sexta-feira. Para o economista, o balanço é “muito positivo”. “E foi um choque, inclusive, para vários comentaristas previram verdadeiros horrores e um caos”.

A Petrobras anunciou lucro líquido de R$ 5,33 bilhões no primeiro trimestre, resultado 1% inferior a igual período de 2014 (R$ 5,393 bilhões). Segundo Mattoso, os resultados do trimestre são inclusive mais importantes do que analistas avaliam, já que nessas análises não se considerou o chamado Ebitda (sigla em inglês de Earning Before Interests, Taxes, Depreciation And Amortization), ou seja, o caixa da empresa considerando somente as atividades operacionais. “Falam que (o resultado) ‘caiu 1% relativamente ao período de 2014’, mas não pegam o Ebitda, que é justamente antes dos juros, dos impostos, do efeito câmbio etc., e aí você vê que foi muito maior.”

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