Caixa continua 100% pública, mas setor de seguros poderá ter capital aberto

Governo anuncia que dará início a estudos para verificar viabilidade de abertura de capital da Caixa Seguros; ministro da Fazenda afirma que clareza do BC frente à inflação deixa governo em 'total conforto'

Bernardo Rabello/ Imprensa Caixa

Ao lado de Miriam Belchior, Levy disse que abertura de capital da Caixa Seguros poderá ocorrer ainda este ano

São Paulo – O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a presidenta da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, anunciaram hoje (8) que o governo vai manter o banco 100% público e que serão iniciados estudos para abertura de capital apenas da Caixa Seguradora, uma das unidades do banco. “Se pudermos, vamos fazer ainda este ano. A intenção está estabelecida”, disse Levy.

A presidenta da Caixa informou que, para esse estudo, o governo vai convidar os principais bancos de investimentos atuantes no País “para discutir conosco e fazer esse estudo de viabilidade, para podermos decidir pela abertura ou não do capital em relação ao negócio seguros”.

Segundo Levy, a medida perseguirá a possibilidade de aumentar a presença da Caixa no segmento. “E também, evidentemente, a gente aproveitar a vitalidade do nosso mercado de capitais. Nós já temos outras experiências, como foi feito com o Banco do Brasil, o BB Seguros, que demonstrou ser um grande sucesso”, comparou. Segundo Miriam, a operação será importante para a expansão de negócios do banco. “Temos um potencial de nos posicionar bem nesse setor.”

O ministro da Fazenda destacou que ainda não é possível avaliar o impacto positivo da operação no superávit primário. Mas, se o resultado do IPO da Caixa Seguradora indicar que o negócio tem valor acima do registrado contabilmente, essa renda adicional será tributada e terá efeito positivo na arrecadação.

Além do impacto nas contas públicas, o ministro também defende a abertura de capital da Caixa Seguros como a oportunidade para criar um instrumento de poupança destinado aos pequenos investidores. “A oferta pública dá a oportunidade de criar um instrumento de poupança, pulveriza o capital”.

Levy argumentou ainda que a expansão do mercado de seguros tem impacto na qualidade de vida das pessoas, que terão mais acesso aos produtos. “A gente tem que aproveitar isso (abertura de capital) para ser um instrumento não só de oportunidade de poupança, de criação de riquezas na própria Caixa, mas também de qualidade de vida das pessoas.”

Controle da inflação

Após a subida da inflação oficial em março, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) em 1,32%, o ministro Levy afirmou hoje (8) que o Banco Central (BC) tem sido claro na defesa do controle do índice, o que dá “total conforto” ao governo.

“O Banco Central tem se expressado com clareza e consistência em relação a importância do controle da inflação e à sua disposição em tomar medidas cabíveis. Ele tem sido absolutamente completo em suas explicações, o que nos dá total conforto”, disse o ministro ao ser perguntado sobre a manutenção da inflação dentro da meta.

A alta de março do IPCA é a maior taxa mensal desde fevereiro de 2003, quando o índice ficou em 1,57%. Em 12 meses, o IPCA acumula inflação de 8,13%, acima do teto da meta do governo federal (6,5%) e a maior taxa desde dezembro de 2003, que foi 9,3%.