Novo governo

Entre ortodoxia e visão progressista, economista aguarda ‘medidas cautelosas’

Professor vê na equipe econômica um ministro 'ortodoxo e privatista' e outro 'mais progressista'. Um 'âncora' e outro responsável por recuperar a confiança para investimentos

fotomontagem/fotos públicas

Levy, Tombini e Barbosa: novos comandantes da equipe econômica de Dilma

São Paulo – Na avaliação do economista Guilherme Melo, professor das Faculdades de Campinas (Facamp) e da Fundação Perseu Abramo (FPA), a equipe econômica do segundo governo Dilma Rousseff sugere ações cautelosas, “no sentido de recuperar a confiança do mercado, sem fazer os ajustes que o mercado quer”. O objetivo será o de tornar o ambiente “minimamente respirável para o investimento”. Ele chama a atenção para o perfil diferenciado dos ministros já anunciados.

Assim, o próximo titular da Fazenda, Joaquim Levy, seria um “ortodoxo clássico, um privatista”, conforme a definição de Melo. “Do ponto de vista da concepção, um conservador”, acrescenta.

O futuro ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, é “mais progressista, bom negociador”. Ele já ocupou cargos estratégicos no governo, como o de secretário de Política Econômica, no próprio Ministério da Fazenda.

Melo acredita que Barbosa será responsável por criar um clima mais favorável à recuperação dos investimentos. Também terá a responsabilidade de acelerar o processo de concessões, além de ficar à frente de programas importantes, como o Minha Casa, Minha Vida e o de expansão da banda larga.

E Levy poderá ser uma espécie de “âncora”, uma pessoa de confiança dos chamados mercados. Ainda que nem sempre sejam adotadas as medidas esperadas, como ocorreu no caso do superávit primário (economia de recursos para pagamento de juros) – Levy anunciou a meta de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), aquém das expectativas dos agentes financeiros. “Se ele não estivesse lá (Fazenda), não haveria nem diálogo.”

O professor espera uma ação gradual do Banco Central, que deve conduzir a taxa básica de juros a 12% (“porque o mercado exige”) e possíveis mudanças na política do BNDES para concessão de empréstimos. No BC, Alexandre Tombini foi reconduzido. Ele comanda, hoje (2) e amanhã (3), a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom).

Para ele, o principal desafio neste momento é retomar os investimentos, especialmente do setor privado. Isso vale também para o mercado de trabalho. O emprego pode continuar crescendo, mas não na mesma medida dos dois mandatos de Lula e também no primeiro de Dilma. “Você precisa de uma retomada vigorosa do crescimento, principalmente da indústria”, diz Melo.

Leia também

Últimas notícias