Selic

Na penúltima reunião do ano, Copom eleva juros para 11,25%

Foi também a penúltima reunião no primeiro mandato de Dilma, quando a taxa chegou ao menor nível histórico e tornou a subir. Taxa é a maior desde o final de 2011. Decisão não foi unânime

Valter Campanato/Agência Brasil

Tombini, que conduziu juros ao nível mais baixo, tem mais uma reunião à frente do BC este ano

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central contrariou expectativas generalizadas e elevou para 11,25% ao ano a taxa básica de juros (Selic). É a maior taxa desde outubro de 2011. Os juros estavam em 11% desde abril deste ano. Foi a penúltima reunião de 2013 e também do primeiro mandato de Dilma Rousseff, durante o qual os juros chegaram a seu menor nível histórico (7,25%), para retomar uma sequência de altas, chegando ao final do ano em patamar idêntico ao do início do governo.

Dilma recebeu a Selic em 10,75%. Na primeira reunião do Copom sob Alexandre Tombini, em janeiro de 2011, a taxa subiu para 11,25%. Chegou a 12,50% em julho daquele ano, para iniciar um ciclo de baixas que resultou no menor nível histórico, 7,25%, de outubro de 2012 a março do ano passado.

A decisão, sem viés, não foi unânime desta vez. Cinco integrantes do Copom, incluindo Tombini, votaram pelos 11,25% e três pela manutenção em 11%. No comunicado emitido logo após a reunião, o comitê deixou clara a sua preocupação com a inflação.

“Para o Comitê, desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável. À vista disso, o Comitê considerou oportuno ajustar as condições monetárias de modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016”, diz a nota do Copom.

Há ainda uma reunião do Copom este ano, em 2 e 3 de dezembro. Já terá a informação sobre o PIB do terceiro trimestre, que o IBGE divulgará em 28 de novembro. Em 5 de dezembro, sai o IPCA. Para a inflação, uma alta de juros não teria efeito agora – se é que chegou a ter antes –, mas poderia ser interpretada como sinalização de que o governo segue preocupado com o combate à inflação. O contraponto é debilitar uma atividade econômica já fraca.

Críticas

“Os dados demonstram que o aperto monetário reduziu um pouco a inflação, mas gerou um impacto negativo expressivo no nível da atividade econômica. Esta situação é ruim para os trabalhadores, porque sem crescimento econômico sustentado são obrigados a adiar os planos de ter empregos de qualidade, com bons salários e que proporcionem boa qualidade de vida”, diz, em nota, o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. “Esperamos que, nestes próximos anos, o governo consolide, definitivamente, a política econômica orientada para o desenvolvimentismo.”

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro, lembrou da recente eleição ao afirmar que o Copom deveria ouvir mais a sociedade e menos o mercado. “As urnas mostraram que a política econômica precisa estar voltada para o crescimento econômico, gerando emprego e distribuição de renda”, afirmou, também por meio de nota.

“O crescimento econômico já está baixo e os juros, altos. Com a elevação da Selic, emperra ainda mais o crescimento. Mais uma vez o Banco Central desperdiçou uma boa oportunidade para retomar o bom caminho da redução da Selic e, com isso, forçar uma queda maior dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito e incentivar o emprego, o desenvolvimento e a distribuição de renda”, acrescentou o sindicalista. “A continuidade das altas taxas de juros só serve para engordar o lucro dos bancos e inibir os investimentos das empresas na produção.”