Debate

Mattoso: desemprego baixo e inflação controlada não dão motivo para ‘terror’

Economista espera que o governo esteja preparado para a 'crítica cerrada' que receberá em ano eleitoral

josé cruz/abr

Para Mattoso, informalidade no mercado de trabalho ainda é alta

São Paulo – A inflação está controlada e o desemprego em seu nível mais baixo, lembra o economista Jorge Mattoso, que mesmo assim espera ver o governo preparado para as críticas que receberá neste ano eleitoral, quando os conservadores falarão em “pibinho” e deixarão indicadores sociais de lado. “Estamos em um período em que importa muito mais a campanha eleitoral. O governo estará sob crítica cerrada. Espero que tome o cuidado necessário e saiba dar a resposta necessária, o que nem sempre ocorre”, afirma.

Amostra desse embate já ocorrerá com dados de janeiro, adianta Mattoso, quando a taxa de desemprego deve ficar mais alta. “Isso ocorre sistematicamente, é uma sazonalidade, por isso a comparação deve ser feita com o mesmo mês do ano anterior. Mas esse pessoal que fica preocupado com o pessimismo mais obsessivo vai fazer o contrário.”

Pela série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, a taxa média de desemprego nas seis regiões metropolitanas pesquisadas sempre sobe de dezembro para janeiro. Mas o último dado disponível, referente a novembro, mostra a menor taxa mensal de toda a série (4,6%). E o resultado final de 2013, a ser divulgado no dia 30, também deverá mostrar a menor média anual.

Para Mattoso, o atual nível de crescimento é suficiente para manter o mercado de trabalho com resultados positivos, embora ele considere equivocado falar que o país vive uma situação de pleno emprego. “Temos ainda um nível muito alto de informalidade”, lembra. Mas observa que o crescimento da renda, em parte pelas políticas sociais, ajuda na manutenção do desemprego baixo, ao retardar, por exemplo, a entrada do jovem no mercado.

No debate sobre a inflação, o economista não vê nenhum motivo para “terror”. “Temos hoje dez anos com a inflação dentro da meta, próxima do período Lula e inferior à do governo Fernando Henrique. Não tem terror nenhum, o governo vem fazendo o seu papel, com a diferença que depois de 2008 estamos enfrentando a crise que os economistas dizem ser a mais intensa desde 1930. A inflação deve ser motivo de preocupação, e o governo tem mostrado isso. Ela não está descontrolada, é bem mais baixa do que foi no governo Fernando Henrique. Não é motivo de nenhum desespero.”

Mas ele destaca o resultado de dezembro, quando o IPCA atingiu 0,92%, maior taxa mensal desde abril de 2003 e maior resultado para dezembro desde 2002. “Isso, obviamente, é um elemento que exige atenção no futuro.” Para 2014, ele acredita que “a inflação não vai despencar, mas também não vai fugir do controle”. Da mesma forma, o nível de desemprego permanecerá baixo.

 

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