Petróleo

Luta contra leilão do campo de Libra é erro, diz ex-diretor da ANP

Para Haroldo Lima, o modelo definido para repassar a exploração do novo campo por multinacionais petroleiras trará mais recursos para a União

Antonio Cruz / ABr

Protesto contra leilão de Libra. Para uns, nacionalismo exacerbado. Para outros, nova ‘entrega’ de riquezas a multinacionais

São Paulo – A luta contra a realização do leilão do campo de Libra na Bacia de Campos, marcado para o próximo dia 21, o primeiro sob regime de partilha de produção, é um erro, segundo o ex- diretor da Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) no governo Lula, Haroldo Lima. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, ele afirmou que os protestos não são novidade e que os leilões feitos anteriormente pela ANP sofreram as mesmas acusações de funcionarem como “doações” às multinacionais.

Lima acredita que a maior crítica em relação ao campo de Libra é sobre a ingerência do Estado no que seria a liberdade do mercado. “O grande grito popular, que está vindo com muita força é ‘olha, está havendo ingerência do Estado em demasiado nessa questão’. Não é o Estado não estar participando do processo”, disse.

“Na verdade, o leilão responde de forma muito firme aos interesses nacionais brasileiros, mas não quer dizer que não tem espaço para grandes grupos, grandes petroleiras também entrarem e terem suas expectativas respondidas. Agora, claro que isso não pode se dar em detrimento do Brasil”, completou.

Ele lembrou que durante o governo Lula, com apoio da ANP, o campo de Franco – que tinha previsão de reservas de cinco bilhões de barris –  foi cedido à Petrobras pela União, no modelo de cessão onerosa,  com o objetivo de capitalizar a empresa. “Foi a maior capitalização já feita no planeta Terra. Segundo nossos cálculos este campo de Libra é um pouco maior que o de Franco. O que fazer com essas novas jazidas? De novo dar para a Petrobras?  Não. A Petrobras já tem Franco, Tupi, Guará… o resto do pré-sal já está com a Petrobras.”

Lima ainda defendeu que o leilão do campo de Libra deve trazer ao país muitos benefícios e chamou a atenção para as possibilidades de capitalização que pode trazer ao país, contribuindo para o Fundo Social do Pré-Sal – que destinará 75% dos royalties do petróleo para a Educação e 25% para a Saúde.

“Além dos 41% do óleo excedente, será pago imposto de renda e impostos menores. Somando com aluguel de área, significa que poderemos dar de 75% a 80% de todo o óleo retirado de Libra nas mãos da União. Isso é uma das maiores percentagens do mundo. Tudo isso irá financiar a educação e a saúde.”

Ouça aqui a entrevista de Haroldo Lima à repórter Marilu Cabañas.