Recuperação?

Semana pós PIB e Copom alivia governo com divulgação de resultados positivos

Produção industrial aumentou, inflação subiu menos e preços de alimentos mostraram sinais de queda

Marcello Casal Jr. ABr

Passado o momento do tomate, os preços do feijão preocupam, mas o IPCA de maio fechou na menor taxa em 12 anos

São Paulo – A economia brasileira ainda inspira cuidados e é motivo de justificadas preocupações, mas esta semana pós PIB e Copom foi de algum alívio para o governo, com a divulgação de indicadores econômicos positivos – à exceção do setor externo. Os dados podem indicar alguma recuperação à vista, mas os sinais ainda não são totalmente sólidos, embora melhores.

Um dado que surpreendeu positivamente foi o da produção industrial, que, segundo o IBGE, cresceu 1,8% de março para abril, na segunda alta mensal seguida. Na comparação com abril do ano passado, a alta foi de 8,4%, a maior nessa base de comparação em quase três anos. A atividade sobe 1,6% no ano, mas ainda apresenta queda em 12 meses, embora em intensidade menor. O instituto informou que abril teve “perfil generalizado de crescimento”.

Ainda nesse setor, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) relatou que desonerações e outras medidas do governo reduziram os ritmos de crescimento de custos no primeiro trimestre. De acordo com a entidade, “a desoneração da folha de pagamentos e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis e eletrodomésticos contribuíram para essa perda de ritmo de crescimento dos custos tributários observada desde o último trimestre de 2012, quando houve alta de somente 0,3% no indicador frente a igual período de 2011”.

Também foi o segundo trimestre seguido em que os custos subiram menos que os preços dos produtos, o que é fundamental, diz a CNI, para recuperar margens de lucros – e isso permite que as indústrias executem seus projetos de investimentos, acrescenta. Para a entidade, o problema está na taxa de câmbio, que estaria comprometendo a competitividade do setor.

No último dia da semana, dois indicadores diretamente ligados ao dia a dia: inflação e alimentos. O IBGE divulgou o IPCA, a inflação oficial, que teve em maio sua menor taxa em 11 meses (0,37%). É cedo ainda para falar em tendência declinante, porque o índice de junho trará os impactos dos reajustes de tarifas de transportes públicos e certamente será maior que o de igual mês de 2012 (0,08%). Mas foi um resultado animador considerando, por exemplo, os preços dos alimentos, cuja alta foi de 0,31%, muito abaixo dos 0,96% de abril, e a menor desde março do ano passado. Muitos produtos ficaram mais baratos de um mês para o outro, até o outrora vilão tomate, que caiu mais de 10%. Por outro lado, o feijão mulatinho avançou 16,58%, seguido pela cenoura, com 7,33%.

E o Dieese informou que, pela primeira vez em seis meses, o custo da cesta básica em maio caiu na maioria das capitais pesquisadas. E o principal fator de queda veio de produtos como tomate, óleo de soja, café em pó, carne bovina e açúcar. A maioria integra a lista de desonerações.

O principal dado negativo da semana veio da balança comercial, que teve o menor superávit (US$ 760 milhões) em 11 anos para meses de maio. No acumulado do ano, o país acumula déficit de US$ 5,392 bilhões, o maior da série histórica.

A agenda da semana que vem prevê os resultados do comércio varejista no país, um outro termômetro de consumo, principal motor da economia brasileira.