Petróleo e gás

Leilão da ANP arrecada R$ 2,8 bilhões com novos blocos para exploração de petróleo

Montante obtido na 11ª Rodada de Licitação supera estimativas do governo em R$ 823 milhões; oferta inclui 289 blocos em 11 bacias sedimentares

Fernando Bizerra Jr. EFE

Movimentos têm feito manifestações contra a venda e já apresentaram contestação judicial ao leilão

Rio de Janeiro – Até o início da noite de hoje (14) a 11ª Rodada de Licitação de Áreas para exploração de petróleo e gás natural no Brasil realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) já havia arrecadado R$ 2,7 bilhões. O montante, recorde, supera em R$ 700 milhões a estimativa feita pelo governo para o leilão. Já foram licitados blocos exploratórios em sete de 11 bacias sedimentares incluídas na rodada.

“Nós estamos extremamente satisfeitos com os resultados obtidos que superaram todas as expectativas. Foram licitados 142 dos 289 blocos ofertados, o que nos garantirá investimentos mínimos na fase de exploração de R$ 7 bilhões – neste caso um ágio de 628% sobre o valor mínimo estipulado pela agência. Todos os recordes das rodadas anteriores foram quebrados”, disse a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard.

Segundo a ANP, foram ofertados 289 blocos de petróleo e gás, totalizando 155,8 mil quilômetros quadrados, distribuídos em onze bacias sedimentares: Barreirinhas, Ceará, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Parnaíba, Pernambuco-Paraíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Tucano. Dos 289 blocos, 166 estão localizados no mar, sendo 94 em águas profundas, 72 em águas rasas e 123 em terra.

Durante a manhã, foram licitados 53 blocos exploratórios de um total de 143 blocos ofertados. Os poços licitados estão localizados em três das 11 bacias sedimentares incluídas no leilão, que será concluído amanhã em um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo a ANP, foram ofertados 20 blocos na Bacia do Parnaíba, 97 blocos na Bacia da Foz do Amazonas – dos quais 14 foram licitados – e 26 na Bacia de Barreirinhas, 19 dos quais foram arrematados. O ágio médio da primeira parte da licitação foi superior a 800%, o que propiciou uma arrecadação em bônus de assinatura (valor pago pelas empresas no ato da assinatura do contrato de concessão) superior a R$ 1,7 bilhão.

Depois do intervalo para o almoço, a 11ª Rodada foi retomada com a oferta dos blocos das bacias sedimentares Potiguar, Espírito Santo, Pará-Maranhão, Ceará, Pernambuco-Paraíba, Sergipe-Alagoas, Tucano e a Bacia do Recôncavo. A OGX e a Petro Energia levaram os seis blocos ofertados no segundo setor licitado na Bacia do Parnaíba. A Petro Energia levou quatro blocos e a OGX, empresa de Eike Batista, arrematou dois. O leilão desse setor gerou bônus total de R$ 47,6 milhões e vai propiciar investimento mínimo de R$ 315,05 milhões. Os seis blocos somam 17,6 mil metros quadrados de área exploratória.

Os 13 primeiros blocos ofertados pela ANP na Bacia do Parnaíba renderam bônus de R$ 443 milhões. Os blocos pertencem ao primeiro setor licitado e compreendem 39 mil quilômetros quadrados de área.

A Petro Energia arrematou o maior número de blocos: cinco; seguido do consórcio formado pela Petrobras/Petrogal, que arrematou quatro blocos. Os blocos da Bacia do Parnaíba estão situados na região Nordeste do país, com extensão total de aproximadamente 680 quilômetros quadrados distribuídos pelos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e pequena parte pelos estados do Pará, Ceará e da Bahia.

Manifestação

Cerca de 50 manifestantes que integram a campanha “O petróleo tem que ser nosso” fizeram um protesto em frente ao Hotel Royal Tulip, onde ocorre a 11ª Rodada da ANP. Ontem (13), cerca de 150 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento Camponês Popular e Movimento dos Atingidos por Barragem, além de quilombolas e trabalhadores da Federação Única dos Petroleiros, ocuparam o Ministério de Minas e Energia, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para protestar contra a licitação.

Entidades como a Federação Única dos Petroleiros (FUP) anunciaram já ter dado entrada em ações na Justiça para tentar impedir o leilão: “A ação é contra a privatização do petróleo brasileiro. Os 289 campos têm potencial para gerar R$ 6 trilhões em receitas, que deveriam ser usados para acabar com os problemas sociais brasileiros”, diz o coordenador-geral da FUP, João Antônio Moraes.

Segundo disse Moraes à Agência Brasil, a ideia da manifestação “é dar um recado para o governo federal de que o povo brasileiro não concorda com essa política de realização de leilões” de petróleo e gás: “Essa é uma política que visa a tornar o Brasil num grande exportador de petróleo e gás, o que, na nossa visão, é um completo equívoco porque, apesar do Brasil reunir riquezas imensas nessas áreas, somos um grande país. E grandes nações não podem exportar energia, sob pena de que falte para as futuras gerações”.

Com informações da Agência Brasil

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