Presidente do Banco Central afirma que não cede a pressão e diz que monitora inflação

Tombini admitiu que há resistência da inflação, mas afirmou que lida agora com outras formas de conter os preços (Foto: Marcos Oliveira /Agência Senado) São Paulo – O presidente do […]

Tombini admitiu que há resistência da inflação, mas afirmou que lida agora com outras formas de conter os preços (Foto: Marcos Oliveira /Agência Senado)

São Paulo – O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, aproveitou audiência pública hoje (2) no Senado para reforçar que o governo não aceitará pressões pelo aumento da taxa básica de juros, a Selic, intensificadas nas últimas semanas graças à leitura de que há uma dificuldade da equipe econômica em conter a alta de preços. 

Tombini afirmou que a instituição não está “olhando a resistência da inflação”, e esclareceu que se fez uma mudança nos comunicados do Comitê de Política Monetária (Copom) para desestimular especulações do mercado financeiro. O presidente do BC lembrou que as notas emitidas após as reuniões do Copom deixaram de falar que a Selic seria mantida por “período de tempo suficientemente prolongado”. 

“O Banco Central tem observado resistência da inflação nos últimos meses. Estamos trabalhando já. Comunicação é parte integrante da política monetária”, disse Tombini, acrescentando que o Banco Central “não se sujeita a qualquer tipo de pressão”.

O presidente do BC foi questionado por senadores sobre declarações feitas na semana passada pela presidenta Dilma Rousseff sobre a inflação. A presidenta disse, na ocasião, que quem fala sobre inflação é o ministro da Fazenda e que é contra medidas de combate à inflação que comprometam o ritmo de crescimento econômico do país. Tombini ressaltou ter esclarecido tais declarações na semana passada, ao dizer que o BC tem autonomia para definir a Selic, se e quando achar necessário. Sobre inflação, “fala a equipe econômica e sobre juros, fala o Banco Central”, acrescentou.

Na audiência, ele falou também sobre o aumento das projeções da instituição para a inflação. “O Banco Central apresenta as suas melhores projeções em relação à inflação. A inflação no primeiro trimestre explica boa parte desse aumento na projeção para o ano”, explicou.

Na última quinta-feira (28), o BC informou que a inflação deve chegar a 5,7% este ano. A projeção ficou 0,9 ponto percentual acima da previsão de dezembro e do centro da meta (4,5%).

De acordo com as projeções do BC, a inflação deve apresentar variação acima do limite superior da meta ao longo deste ano. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 12 meses, deve chegar ao final do primeiro trimestre em 6,5% e subir para 6,7% no segundo trimestre. Depois, a expectativa é que a inflação diminua para 6% e 5,7% no terceiro e quarto trimestres, respectivamente. Ao final de 2014, a estimativa é que a inflação fique em 5,3%.

Quanto à atividade econômica, Tombini disse que a recuperação tem se “materializado” de forma gradual e a perspectiva é de um ritmo mais intenso daqui para a frente. A indústria, segundo o presidente do BC, mostra sinais de retomada, “inclusive com maior nível de disseminação”.

O setor de serviços, na expectiva de Tombini, manterá crescimento moderado. A safra de grãos, acrecentou, deve bater novo recorde em 2013, com a previsão de 183 milhões de toneladas de grãos, uma alta de 13% em relação a 2012.

Para o presidente do BC, continuam presentes importantes fatores de sustentação da demanda, como emprego, renda e crédito. Outro indicador de boas perspectivas de atividade econômica, conforme disse, é o crescimento do investimento no quarto trimestre de 2012, “tendência que se manterá no primeiro trimestre de 2013”.

Com informações da Agência Brasil e da Agência Senado.