Atividade econômica menos intensa faz ocupação parar de crescer

Segundo técnicos do Dieese e da Fundação Seade, elevação da taxa de desemprego é comum no início do ano

São Paulo – Mais do que o desemprego, a perda de vigor da ocupação preocupa os técnicos do Dieese e da Fundação Seade, por refletir a atividade econômica menos intensa. No conjunto das sete áreas pesquisadas (Distrito Federal e regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo), o crescimento de ocupação em 12 meses, que de junho a novembro do ano passado se manteve próximo dos 2%, perde intensidade desde dezembro e no mês passado praticamente não saiu do lugar, com variação de 0,3%.

Esse percentual corresponde a apenas 59 mil empregos criados em 12 meses. No mesmo período, 125 mil pessoas ingressaram na população economicamente ativa (PEA), expansão de 0,6%. Com isso, o número de desempregados aumentou em 67 mil (alta de 2,8%).

“No primeiro trimestre sempre aumenta (a taxa de desemprego), e agora aumentou menos”, afirmou o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian, referindo-se especificamente à região metropolitana de São Paulo – de 10,3%, em fevereiro, para 10,9%, a menor para o mês desde 1990. “Com todos os problemas que a economia vem passando, não foi um resultado ruim”, acrescentou.

O dado mais preocupante, segundo ele, é o fato de o nível de ocupação em São Paulo ter caído, na comparação anual, pela primeira vez desde setembro de 2009. “É difícil dizer se é tendência, mas nos últimos quatro meses temos tido redução do nível de ocupação, refletindo certa estagnação da economia. Provavelmente, a gente comece a ter uma reversão em abril.”

Também em 12 meses, a indústria de transformação eliminou 86 mil vagas (queda de 2,9%), enquanto construção (25 mil, expansão de 1,7%) e comércio e reparação de veículos (47 mil, 1,3%) criaram postos de trabalho. O setor de serviços, que responde por 57% da ocupação nas sete regiões, teve ligeira alta, de 0,4%, o correspondente a 48 mil empregos.

“O mercado de trabalho ainda mantém a tendência de formalização”, observou a economista Ana Maria Belavenuto, do Dieese. De abril do ano passado e março deste ano, foram criados 304 mil empregos com carteira assinada, crescimento de 3,1%. O emprego sem carteira caiu 11,3% (205 mil a menos).

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