Petrobras admite que, sem Chávez, PDVSA pode desistir de refinaria no Brasil

Diretor de Exploração e Produção diz que Porto do Açu, empreendimento de Eike Batista, poderá ser integrado à estrutura logística do pré-sal

O projeto iniciado durante os governos de Lula e Chávez terá de ser reavaliado com o futuro governo venezuelano (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom. Arquivo ABr)

Rio de Janeiro – A morte do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, poderá dificultar a já incerta participação da PDVSA – empresa estatal venezuelana do setor de petróleo – na construção da Refinaria de Abreu e Lima, oficialmente denominada Refinaria do Nordeste (Rnest), em parceria com a Petrobras. O prazo estipulado no último aditivo firmado entre as empresas para discutir a entrada da PDVSA no projeto chegou ao fim em 28 de fevereiro, e não há qualquer garantia de que os venezuelanos manterão o interesse no projeto. A informação foi dada hoje (19) pela presidenta da Petrobras, Graça Foster, durante a apresentação do Plano de Negócios e Gestão 2013-2017 da empresa.

Graça afirmou que se encontrará em breve com o presidente da PDVSA, Rafael Ramírez, para tratar do assunto: “Aconteceu, infelizmente, a morte do presidente Hugo Chávez. Eu tenho uma agenda já solicitada junto ao presidente da PDVSA para que a gente converse sobre a refinaria [de Abreu e Lima]. Estamos disponíveis para a PDVSA, mas continuamos firmes buscando a conclusão da refinaria”, disse.

A presidenta da Petrobras indicou que a conclusão da refinaria, que já tem 70% de sua estrutura física realizada e consumiu US$ 11,7 bilhões, é estratégica para a empresa. “A construção da refinaria vem tendo uma performance muito boa nesses últimos 15 meses. Estamos muito crentes e trabalhando arduamente para partir essa refinaria em novembro. Não tem como olhar pelo retrovisor nem olhar para trás, nós temos que concluir essa refinaria. Ela tem uma alta conversão em diesel, e isso, para o nosso resultado e para esse plano, é vital”.

O diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, admitiu a possibilidade de a PDVSA entrar na sociedade da refinaria de Abreu e Lima com uma participação menor do que aquela inicialmente prevista: “Estamos disponíveis para negociações com a PDVSA. Não temos nenhuma negociação sobre uma variação do percentual da participação, mas estamos abertos, em função do andamento do negócio”, disse.

Logística com Eike

Em relação à logística para atender à demanda do pré-sal, o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, afirmou que a principal base da empresa será o porto do Rio de Janeiro. A expansão do setor, segundo ele, se dará em uma área que engloba o Espírito Santo e o Norte do Rio de Janeiro, o que inclui o Porto do Açu, empreendimento da empresa de logística LLX, de Eike Batista, no município fluminense de São João da Barra: “O Porto do Açu é uma das possibilidades”, disse o diretor da Petrobras.

A maioria dos empreendimentos em logística ou estrutura de operação apresentados no Plano de Negócios e Gestão 2013-2017 da Petrobras tem alta participação de equipamentos e fornecedores nacionais. Indagada sobre essa política, Graça Foster definiu a utilização do conteúdo local como algo natural em um mercado em expansão.

“Os projetos que têm conteúdo local acima do previsto demonstram que a indústria de bens de serviços no Brasil vem se desempenhando adequadamente. Mesmo quando você está livre para fazer um conteúdo local zero porque o seu contrato na agência foi zero, os nossos contratados ou aqueles que têm contrato de afretamento conosco optam por utilizar a mão-de-obra aqui no Brasil, os serviços aqui no Brasil e ter equipamentos colocados no Brasil porque isso traz competitividade para eles. Então, essa é uma demonstração natural de que a indústria aqui conseguiu trazer um preço menor para quem está fazendo a contratação”, disse a presidente da Petrobras.

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