Com incertezas sobre crescimento e inflação, Copom decide rumo dos juros

Brasília – Um ano e meio após a última elevação da taxa de juros, o chamado mercado vê (ou torce por) sinais de um possível e leve aumento da Selic, na […]

Brasília – Um ano e meio após a última elevação da taxa de juros, o chamado mercado vê (ou torce por) sinais de um possível e leve aumento da Selic, na reunião do Comitê de Politica Monetária (Copom) do Banco Central, que começou ontem e termina hoje (6) à noite. A alegação mais forte é a suposta necessidade de controle da inflação. Mas a necessidade de retomada do crescimento também estimula os que defendem a continuação do ciclo de baixa da taxa básica. O Copom reduziu os juros por dez reuniões seguidas, mantendo os 7,25% ao ano nos dois últimos encontros. No governo Dilma, a redução é de quatro pontos.

Contribuiu para aumentar a dúvida (e as especulações) uma declaração recente do presidente do BC, Alexandre Tombini, em discurso: “Gostaria de deixar bem claro que não existe hoje no país risco de descontrole da inflação, não obstante o fato de o Brasil ter conseguido alcançar um novo patamar para as taxas de juros em geral e, em particular, para a taxa de política monetária (a taxa Selic)”. Depois de afirmar que a estratégia do BC continua válida “neste momento”, ele acrescentou: “Isso, evidentemente, não significa que os ciclos monetários foram abolidos”.

Na última reunião em janeiro, o Copom destacava “piora no curto prazo” para a inflação, recuperação da atividade doméstica “menos intensa do que o esperado” e o ambiente internacional ainda complexo. Nesse cenário, considerava a estabilidade monetária a estratégia “mais adequada” para garantir que a inflação convergisse para a meta (4,5% ao ano, com variação de até dois pontos).

A aposta preponderante segue sendo a de pelo menos mais uma manutenção dos juros, diante da incerteza que ainda cerca o desempenho da economia brasileira este ano, após o crescimento fraco registrado em 2012 (0,9%). Os indicadores iniciais apontam retomada da atividade. Mas também há preocupação com o comportamento da inflação, ainda que muitos tenham dúvidas sobre a eficácia do uso da Selic como mecanismo inibidor de preços. A próxima reunião do comitê está marcada para 16 e 17 de abril. Até lado, saem dois resultados do IPCA – o próximo, referente a fevereiro, será divulgado na próxima sexta-feira (8) pelo IBGE. No final de maio, sai o PIB do primeiro trimestre.