Sindicalistas e empresários criticam timidez do Banco Central com taxa de juros

Copom manteve Selic em 7,25%; para a Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) medida não ajuda a combater desigualdade

São Paulo – A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de manter a taxa básica de juros em 7,25% ao ano desagradou trabalhadores e empresários. Em nota, entidades representativas de segmentos econômicos e sociais criticaram a segunda manutenção seguida da Selic.

O presidente da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro, criticou a timidez do Banco Central. “Foi desperdiçada uma boa oportunidade para retomar o caminho da redução da Selic e, com isso, forçar uma queda maior dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito e incentivar o emprego, o desenvolvimento e a distribuição de renda”, afirmou Cordeiro. “Apesar das quedas da Selic em 2012, os bancos brasileiros ainda continuam praticando juros e spreads que permanecem entre os mais altos do mundo, travando a produção e o consumo, freando o crescimento econômico do país”.

A taxa de juros média para pessoa física foi de 5,44% ao mês (88,83% ao ano). O cheque especial ficou em 7,82% ao mês e os juros do cartão de crédito em 9,37% ao mês. Já a taxa de juros média para pessoa jurídica foi de 3,07% ao mês (43,74% ao ano). “Todos esses juros ainda são altos e precisam cair mais. A inflação e a baixa inadimplência não justificam essas taxas elevadas”, critica o dirigente sindical. 

Cordeiro considera que “alguns bancos estão aumentando ainda mais as tarifas e demitindo funcionários a pretexto de compensar a queda dos juros e melhorar a eficiência para manter a alta rentabilidade”. Para ele, “banco eficiente é o que oferece crédito barato e acessível, não demite, gera empregos, presta bons serviços, age com transparência e pratica responsabilidade social”.

Também em nota, a Força Sindical defendeu mais cortes na Selic como forma de estimular a economia. “É preciso agilidade e reduções eficazes dos juros para facilitar o crescimento da economia e diminuir a dívida pública, estimular a produção industrial, que se encontra estagnada, aumentar o consumo e gerar empregos de qualidade”, diz o comunicado assinado pelo presidente da central sindical, Paulo Pereira da Silva.

A Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) também defendeu que o Banco Central continue a reduzir os juros para aumentar a competitividade da economia brasileira. “Acreditamos que novas quedas na Selic ocorrerão ao longo do ano, mas o governo precisa aumentar a competitividade da economia e destravar o investimento. A exemplo do que fez recentemente com a MP [Medida Provisória] 579, que trouxe a redução no preço de energia”, diz a nota assinada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

A Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP), ao contrário da Fiesp, defendeu a manutenção do patamar dos juros. “ A Fecomercio-SP considera essa ação razoável, uma vez que não há mais espaços para redução da taxa básica de juros enquanto a inflação permanecer acima 4,5% e o cenário internacional continuar incerto”, explicou a entidade que apontou ainda a dificuldade enfrentada pela autoridade monetária para conciliar crescimento econômico com controle a inflação.

Com informações da Agência Brasil.