Pobreza na América Latina é a menor em 30 anos

Levantamento da Cepal mostra que região ainda é a mais desigual do mundo, mas número de pessoas vem diminuindo ano a ano

Pobreza afeta de forma diferencia homens e mulheres do continente, com maior impacto sobre elas (CC/Julien Chopard)

São Paulo – O número de pessoas pobres na América Latina diminuiu de 176 milhões, em 2010, para 168 milhões em 2011, o equivalente a 29,4% do total de sua população, informou hoje (27) a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Para este ano, a expectativa é que o índice diminua mais e chegue a 167 milhões de pessoas, o que representaria 28,8% da população.

A concentração da riqueza continua a ser a principal características da América Latina, a região mais desigual do mundo. Os 10% dos latino-americanos mais ricos concentram 32% da renda, enquanto os 40% dos mais pobres recebem apenas 15% da riqueza.

Embora os números mostrem grande disparidade, a secretária-executiva da Cepal em Santiago, Alicia Bárcena, comemora ao afirmar que a região alcança os mais baixos níveis de pobreza dos últimos 30 anos.

Em 2002, a América Latina tinha 43,9% da sua população formada por pobres (225 milhões) e outros 19,3% de indigentes (99 milhões de pessoas). Na década de 90, as cifras eram ainda mais altas: com 48,4% de pobres (204 milhões) e 22,6% de indigentes (95 milhões).

“Na história da pobreza na região, vemos que alcançamos os níveis mais baixos das últimas três décadas. Dos 12 países analisados que tinham informações disponíveis de 2011, há nove com queda na pobreza e indigência: Paraguai, Equador, Peru, Colômbia, Brasil, Uruguai, Panamá e Chile”.

Infantilização da pobreza

Segundo a Cepal, a pobreza afeta de maneira diferenciada as mulheres e o jovens da região. O número de lares pobres chefiados por mulheres aumentou de 19%, em 2009, para 28% em 2011. “Há um incremento de mulheres que hoje lideram os lares e há, ao mesmo tempo, a discriminação por sexo e os salários ainda são menores no mercado de trabalho para o sexo feminino”, destacou Bárcena.

A taxa de indigentes com menos de 18 anos soma 51%, já crianças e adolescentes pobres são 45%. Os índices acompanham os baixos de níveis de educação, de acordo com Alicia Bárcena.

A metade dos adultos em situação de indigência não chegou a completar o ensino fundamental. Outros 45% das pessoas de 25 a 65 anos e que são pobres ou estão em situação de vulnerabilidade não completaram o ensino médio. Apenas 3% dos pobres e vulneráveis completaram a educação superior.

“A pobreza tem um rosto infantil na América Latina. Este é o tema mais delicado. A maior concentração de pobres está entre os que têm até 17 anos. Um dos grandes alertas é a gravidez que ocorre na adolescência e nas camadas mais pobres”, discutiu a secretária-executiva da CEPAL ao defender a ênfase na formulação de políticas públicas voltadas para erradicar a pobreza infantil, como a universalização da educação e o acesso à saúde.

Segundo Bárcena, o desafio é sustentar a tendência de queda da pobreza na América Latina e combinar as taxas elevadas de crescimento econômico da região a longo prazo com “sistemas de garantia sociais mais robustos”.  

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