Juros do cartão de crédito no Brasil são os mais altos da América Latina

Associação de consumidores orienta a evitar endividamento pelo crédito rotativo das operadoras brasileiras, que cobram mais de 320% ao ano, de forma 'incompreensível'

São Paulo – Mesmo com a queda da Selic promovida sistematicamente pelo Banco Central, o consumidor brasileiro continua submetido a juros exorbitantes cobrados pelas instituições financeiras nas operações com cartão de crédito.

Estudo da Proteste – Associação de Consumidores, sediada em São Paulo, constatou que as taxas cobradas nos cartões de crédito no Brasil são superiores a dos seis países da América Latina pesquisados. O consumidor que financia suas compras por meio do crédito rotativo oferecidos pelas instituições financeiras brasileiras arca com juros médios de cerca de 323% ao ano.

Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste, entrevistada pela Rádio Brasil Atual, afirma que maneira como os bancos e operadoras do país atuam no mercado são “incompreensíveis”. “Pudemos constatar que as taxas brasileira são quase seis vezes maiores que no do Peru (55%) que foi o segundo colocado, em seguida no Chile (54,24%) e na Argentina e, na outra ponta, a Colômbia, com juros do cartão de crédito em 29,26% ao ano. Realmente não tem explicação econômica pra isso.”

A especialista lembra que é possível ao consumidor saber o valor dos juros cobrados pelo crédito rotativo, consultando a própria fatura emitida pela financiadora. Mas ela destaca que a opção escolhida seja sempre a da liquidação total do saldo devedor e que o cartão de crédito seja utilizado apenas na medida em que o pagamento da fatura mensal caiba no orçamento pessoal.

“Quando o consumidor não paga a totalidade da fatura, para a operadora isso significa que ele está refinanciando o restante da dívida, mas a desvantagem aí é que ele vai pagar juros bastante elevados. Por isso é preciso muito cuidado.”

Maria Inês, que considera que os juros dessa modalidade de crédito é uma das causas diretas pelo crescente endividamento dos brasileiros, recomenda a busca de outras formas de financiamento, com juros menores, para escapar dos problemas causados pela inadimplência.

“É importante o consumidor planejar os seus gastos, observar o quanto ele pode realmente pagar. Se ele não puder arcar com a totalidade da fatura num determinado mês, ele deve rapidamente achar uma solução para quitar a totalidade do débito. Neste caso, é aconselhável trocar essa dívida com o cartão de crédito por outra, com juros que ele possa pagar”, ensina, acrescentando que, enquanto não tiver saldado a dívida que contraiu para pagar o cartão de crédito, o melhor é evitar contrair novas prestações.

Por fim, a Proteste recomenda ainda que sempre se faça o menor número possível de parcelas para a aquisição de bens de qualquer natureza.

Ouça entrevista da Rádio Brasil Atual com a coordenadora da Proteste:

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