Dilma: com Venezuela, Mercosul é a quinta economia do mundo

Durante cerimônia de entrada do país no bloco, presidente Hugo Chávez afirma que seu país tem a chance de abandonar a dependência do petróleo e caminhar rumo ao desenvolvimento

O Paraguai, ausente, deve retornar ao bloco depois que a situação democrática for normalizada, possivelmente nas eleições de 2013 (Foto: Roberto Stuckert Filho. Presidência)

São Paulo – Os presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela enfatizaram hoje (31) em Brasília a importância do crescimento do Mercosul e as oportunidades abertas pela incorporação de um novo sócio após 21 anos. Durante declaração à imprensa, Dilma Rousseff lembrou que com a entrada dos venezuelanos o bloco se iguala à condição de quinta economia mundial, atrás de Estados Unidos, China, Alemanha e Japão. 

“O Mercosul, um dos principais produtores mundiais de alimentos e de minérios, consolida-se como potência energética e alimentar global”, disse. “Há tempos desejamos um Mercosul ampliado em suas fronteiras e com capacidades acrescidas. Estamos conscientes de que o Mercosul inicia uma nova etapa. De agora em diante, nos estendemos da Patagônia ao Caribe.”

Com o ingresso da Venezuela, o Mercosul conta com uma população de 270 milhões de habitantes (70% da América do Sul) e um Produto Interno Bruto (PIB) próximo a US$ 3 trilhões, pouco mais de 80% do PIB sul-americano. Nos próximos meses os diplomatas de todos os países vão definir a integração da Venezuela à Tarifa Externa Comum (TEC), uma alíquota reduzida para as trocas comerciais dentro do bloco. O novo membro tem quatro anos para completar a transição, mas pode escolher uma série de produtos que mantêm a tarifação comum, uma maneira de proteger a balança comercial. 

Para o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, trata-se de uma oportunidade de que a população se livre de um antigo problema. “Nos últimos 100 anos, tivemos um modelo baseado na renda do petróleo. Queremos sair deste modelo e impulsionar o desenvolvimento agrícola, pois temos em nosso país mais de 30 milhões de hectares que podem ser trabalhados e melhorados”, afirmou. “Com isso, podemos dizer que entramos em um novo período de aceleração da história que estamos construindo, com mudanças e aceleração histórica, geográfica, geopolítica. Mudanças profundas para nossa América Latina.”

Deixando de lado o tom econômico, o presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, afirmou que a verdadeira integração deve ser feita pelos trabalhadores, e não pelos empresários. “As grandes maiorias estão ali contemplando este debate e nosso dever é inclui-las e que participem porque aqui se está desempenhando o futuro. A história se escreve com o que está lutando para viver, os esquecidos. Nossa verdadeira integração está nos anônimos.”

Ao recordar a história de vários países da América Latina, que enfrentaram ditaduras, a presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, disse que o esforço atual é para vencer a herança dessa época de exclusão de milhares de pessoas. “Foram décadas de solidão”, disse. “Estamos realmente diante de um dia histórico [com a inclusão da Venezuela no Mercosul]”, completou ao destacar a importância da presença venezuelana no bloco.

A entrada da Venezuela foi possível após a suspensão do Paraguai do bloco. O Senado de Assunção era o único que não havia aprovado a incorporação, com base no argumento de que os venezuelanos não cumprem com a cláusula democrática prevista no Protocolo de Ushuaia. Mas o país teve a participação temporariamente vetada por conta do impeachment-relâmpago contra o presidente constitucional Fernando Lugo em junho. Dilma voltou a recordar a decisão tomada na última cúpula de chefes de Estado do bloco, no mês passado em Mendoza, enfatizando que as medidas adotadas, sem a aplicação de sanções econômicas, foram as mais acertadas. 

Com informações da Agência Brasil.

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