G20 dá mais dinheiro ao FMI e Brics concordam, mas impõem condições

Se concluído, o acordo deve mais que dobrar o montante à disposição da diretora do FMI, Christine Lagarde (Foto: Yuri Gripas. Reuters) São Paulo – O G20, grupo formado pelas […]

Se concluído, o acordo deve mais que dobrar o montante à disposição da diretora do FMI, Christine Lagarde (Foto: Yuri Gripas. Reuters)

São Paulo – O G20, grupo formado pelas principais economias do mundo, prometeu hoje (20) mais US$ 430 milhões para o socorro do Fundo Monetário Internacional (FMI) às nações europeias, em crise. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os Brics, reafirmaram a postura de condicionar a liberação da verba a reformas na estrutura do organismo multilateral. 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou após reunião em Washington que o montante a ser liberado pelas nações emergentes será fixado dentro de dois meses e deve variar de acordo com a redistribuição de poder no FMI. “Nós condicionamos essa ajuda a que eles (FMI) completem a reforma de cotas para que nós, os países emergentes, tenhamos uma representação maior”, afirmou, acrescentando que também haverá uma mudança na fórmula para atribuir as cotas, com valor maior ao Produto Interno Bruto (PIB), “ao poderio econômico efetivo dos países.”

Se concluído, o acordo vai mais que dobrar as verbas à disposição do Fundo para o auxílio aos europeus, atingindo a meta imposta pela diretora-gerente do órgão, Christine Lagarde.

Sobre a reunião do FMI neste fim de semana, Mantega irá transmitir a mensagem de que pode recorrer a novos mecanismos para conter o excesso de entrada de dólares no país. A avaliação do governo Dilma Rousseff é de que o ingresso de divisas estrangeiras é fruto de políticas de flexibilização monetária no mundo desenvolvido como forma de apreciar as exportações, reduzir as importações e garantir algum alívio à situação de crise. 

O ministro quer cobrar do FMI apoio às medidas de defesa adotadas pelas nações emergentes. Segundo a agência Reuters, que teve acesso ao discurso a ser divulgado amanhã (21), ele vai acrescentar que o governo brasileiro fará “o que julgar necessário para conter os ingressos de capital excessivos e voláteis por meio de uma combinação de intervenção nos mercados de câmbio à vista e futuro, medidas macroprudenciais e controles de capital”.

Antes, em entrevista, o ministro minimizou a possibilidade de imposição de controles de capital. “Nós não estamos controlando, exatamente. Há liberdade de entrada e saída plena; investimento direto não tem nenhuma taxação.” Ele ressaltou que o governo tem tomado medidas para reduzir o lucro que investidores têm com especulação. “Nós desestimulamos as operações em certos mercados porque elas causam uma valorização do real, atrapalham a economia e atrapalham a indústria”, disse.