Conselhos de trabalhadores e empresários no Plano Brasil Maior são instalados

Presidente da CUT, Artur Henrique, considera que cerimônia comandada por Dilma deve ser início do diálogo para a construção de políticas de longo prazo para a indústria

São Paulo – Nove meses após o lançamento do Plano Brasil Maior, a presidenta Dilma instala amanhã (3) os 19 conselhos de competitividade que devem indicar políticas necessárias ao fortalecimento da indústria nacional. Os colegiados, divididos por setor de produção, têm a intenção de facilitar a aplicação de sugestões apresentadas por sindicatos e empresários. 

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, somados, os conselhos devem reunir 600 pessoas em discussões setoriais voltadas ao Brasil Maior, que definiu em agosto do ano passado uma série de iniciativas para incentivar a indústria nacional, como desoneração da folha de pagamento e aumento do crédito.

Para o presidente da CUT, Artur Henrique, chegou a hora de a equipe econômica do governo deixar de pensar em medidas de curto prazo, e os debates reunindo trabalhadores e empresários serão uma oportunidade de reforçar esta visão. “Não adianta falar de desoneração se não tiver olhar estratégico para o futuro. Essa é a nossa expectativa com a instalação dos conselhos”, disse.

A partir de agora, as diretrizes sugeridas pelos conselhos serão encaminhadas ao Grupo Executivo, responsável por articular as ações do Brasil Maior. Além do Ministério do Desenvolvimento, estão representados no grupo a Casa Civil e os ministérios de Ciência, Tecnologia e Inovação, Planejamento e Fazenda, além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O fortalecimento da indústria havia sido eleito no começo do governo Dilma como uma das prioridades até 2014, necessidade que foi reforçada pelo avanço da crise internacional, responsável por diminuir o poder de compra das nações mais ricas, somada ao aumento da competição de produtos chineses. 

Para Henrique, porém, existe uma tentativa de se aproveitar do momento de menor vigor da indústria nacional para tentar cortar direitos trabalhistas, com pagamento menor de impostos e arrocho salarial em troca de uma suposta melhoria de competitividade. O presidente da CUT considera que este debate fez parte dos anos 1990 no Brasil, quando se buscava implementar uma série de reformas para favorecer o mercado em detrimento da sociedade. “Esse tipo de falácia que começa a ser colocado nos jornais nós não estamos vivendo no Brasil. É preciso reforma tributária. Isso, sim. Não acho que a carta tributária é alta. Ela é injusta e mal distribuída”, disse. 

O sindicalista acredita também que os conselhos poderão discutir o papel do sistema financeiro. O governo federal deseja que os investimentos correspondam a 22,4% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2014, ante 18,4% em 2010. Para isso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem insistido que é fundamental o aumento dos aportes do setor privado. Henrique acredita que o governo deve tratar de maneira diferente aqueles que promovem investimentos produtivos. “Qual o papel dos bancos privados? É só ter lucro maior a cada semestre ou é criar condições de longo prazo para investimento no país? Estamos falando de crédito privado”, afirmou.