Governo lança plano para aumentar oferta de álcool combustível

Recursos virão do BNDES e da poupança rural, entre outras fontes, e totalizarão pelo menos R$ 65 bilhões

São Paulo – O governo federal lançou nesta sexta-feira (24) o Plano Estratégico do Setor Sucroalcooleiro para os próximos quatro anos para elevar a oferta de cana-de-açúcar destinada à produção de etanol. Os recursos virão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da poupança rural, entre outras fontes, e totalizarão pelo menos R$ 65 bilhões. O objetivo é ter um nível de mistura de etanol anidro à gasolina, na proporção de 25%, e a participação do etanol hidratado na frota de veículos leves, entre 50% e 55%. 

O plano prevê também a organização dos produtores rurais em associações e cooperativas. A ideia é otimizar a participação na cadeia produtiva sucroalcooleira. Os agricultores podem ser capacitados por meio de cursos, dias de campo, palestras e seminários para utilização das novas técnicas produtivas e tecnologias existentes.

O secretário de Produção e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Gerardo Fontelles, informou que, com o plano, o governo quer atrair investimentos privados que permitam a retomada de crescimento do setor.

Segundo o ministério, três medidas foram planejadas para atender à crescente demanda nacional e o potencial do mercado externo por etanol: a renovação de 6,4 milhões de hectares de cana-de-açúcar até 2015, com um custo estimado em R$ 29 bilhões com a recuperação da produtividade do canavial. Hoje a idade média dos canaviais está acima do ideal, com canas acima do 6º corte.

A segunda medida é o atendimento à capacidade instalada das usinas, para o que o governo terá de investir R$ 8,5 bilhões em 1,4 milhão de hectares. “A meta anual para ampliação do canavial engloba 355 mil hectares, com valor estimado em R$ 2,1 bilhões. De acordo com dados do setor, a maioria das indústrias está atuando abaixo de sua capacidade máxima de processamento da cana-de-açúcar. A ociosidade média estimada das usinas é de cerca de 16%”, diz o ministério em informe.

A terceira ação é a elevação da oferta de matéria-prima para as indústrias. A demanda por etanol prevista, até 2015, vai exigir ampliação das áreas de produção de cana-de-açúcar em 3,8 milhões de hectares que envolverão recursos na ordem de R$ 23 bilhões.

O plano visa a elevar a produção de etanol após uma queda de quase 20% na atual temporada no centro-sul do Brasil, região que responde por cerca de 90% da moagem de cana, que sofreu os efeitos de problemas climáticos e do envelhecimento dos canaviais, após anos de investimentos insuficientes.

Na atual temporada, os motoristas de carros flex optaram em sua maioria pela gasolina, mais competitiva na comparação ao etanol hidratado, em meio à alta dos preços pela quebra de safra e ao controle da cotação do combustível fóssil pelo governo.

De acordo com o ministério, as medidas contarão com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que vai pesquisar novas variedades de cana. Um dos estudos busca o desenvolvimento de variedades resistentes à seca e adaptadas à região Centro-Oeste, com recursos previstos de R$ 40 milhões, entre 2012 a 2015. 

A Embrapa também desenvolverá tecnologias para a produção de etanol celulósico, fundamental para o aproveitamento da biomassa da cana-de-açúcar.

Estocagem

O governo pediu apreciação do Conselho Monetário Nacional a uma linha de financiamento para estocagem de etanol de forma que as usinas tenham produto para distribuir a produção ao longo do ano. Seriam R$ 4,5 bilhões ao ano para fazer frente ao consumo doméstico projetado em 1,9 bilhão de litros por mês.

Uma definição sobre essas e outras questões poderá ocorrer na próxima reunião do CNM, na próxima quinta-feira (1º), segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, que acrescentou que o plano para a expansão do etanol já está previamente acordado com outros ministérios, como Minas e Energia e Fazenda.

 

 

Com informações da Reuters