Brasil vai rever acordo automotivo com México

São Paulo – O governo brasileiro negou nesta sexta-feira (3) que vai romper um acordo automotivo com o México, mas afirmou que poderá usar a cláusula de saída do entendimento, […]

São Paulo – O governo brasileiro negou nesta sexta-feira (3) que vai romper um acordo automotivo com o México, mas afirmou que poderá usar a cláusula de saída do entendimento, que é desfavorável ao Brasil, caso as negociações para rever os termos fracassem.

O México é a terceira principal origem de veículos importados no país e o comércio de automóveis entre os dois países foi deficitário para o Brasil nos últimos anos. “Colocamos como alternativa a utilização da cláusula de saída do acordo. Não é ruptura”, disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.

O acordo permite fluxo de automóveis, peças e partes de veículos sem incidência ou com redução de tarifas de importação. Atualmente, montadoras no Brasil têm usado o acordo para complementar suas ofertas no país, com modelos mais sofisticados ante um parque fabril nacional mais voltado a veículos compactos populares.

O Brasil quer renegociar alguns termos, como o aumento do conteúdo regional e ampliação do escopo do acordo, para incluir caminhões, ônibus e utilitários, e “melhorar o saldo”, disse o ministro.

O presidente mexicano, Felipe Calderón, telefonou para a presidenta Dilma Rousseff nesta tarde e ambos acertaram em reabrir a renegociação dos termos do acordo, segundo Pimentel, que demonstrou otimismo nas negociações com o parceiro latino.

“Há enorme interesse do México em manter o acordo”, disse. O governo acredita que até o fim de fevereiro as negociações devem ser encerradas.

Firmado em 2002, o acordo bilateral permite a importação de veículos, peças e partes de automóveis do México com redução de impostos e institui um percentual mínimo de nacionalização dos veículos vindos do país. A parceria é semelhante à que existe entre o Brasil e os países do Mercosul. Da forma como está, o tratado tem beneficiado os mexicanos, visto que as importações de veículos do México tiveram aumento de 40% e o país é o terceiro maior vendedor para o mercado brasileiro, segundo dados da associação de concessionários de veículos, Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Anfavea

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, defendeu nesta sexta a manutenção do acordo automotivo entre o Brasil e o México. “Achamos esse acordo muito importante para o país e confirmamos a necessidade de manter esse acordo”, disse.

Representantes de diversas montadoras reuniram-se nesta tarde com o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, para argumentar que haverá prejuízo ao Brasil caso haja rompimento da parceria comercial com o México. Belini, no entanto, acredita que o acordo será mantido. “Não falamos sobre rompimento. O que existe hoje é processo, de dentro do governo, de reavaliação do acordo”, comentou.

Na opinião do presidente da Anfavea, o “desequilíbrio na balança comercial”, que tem preocupado o governo, não afeta a indústria automotiva brasileira. “Esse desequilíbrio não interfere. Existem importações e exportações. Quando têm acordos bilaterais tem que ver que há dois lados. De um lado, temos superávit com a Argentina e, por outro lado, déficit com o México. São períodos cíclicos”, argumentou.

Belini não quis adiantar quais mudanças estão sendo discutidas pelo governo. Segundo ele, uma nova reunião com o setor produtivo será marcada assim que as alterações forem definidas.

Com informações da Agência Brasil           

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