Dilma entrega navio Celso Furtado com defesa de distribuição de renda

Presidenta citou economista homenageado pela embarcação ao lembrar que crescimento econômico e criação de empregos não são o bastante para se alcançar o desenvolvimento

Presidenta Dilma Rousseff durante a cerimônia de entrega do navio Celso Furtado no Estaleiro Mauá (Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR)

São Paulo – O navio Celso Furtado foi colocado em funcionamento nesta sexta-feira (25) em cerimônica que contou com a presença da presidenta Dilma Rousseff, no estaleiro de Mauá, em Niterói (RJ), na região metropolitana da capital fluminense. Ela citou o economista, morto em 2004, e uma das principais referências na discussão sobre desenvolvimento e o subdesenvolvimento, ao lembrar a necessidade de se buscar distribuição de renda juntamente ao crescimento econômico e à criação de empregos.

Ela reafirmou que o Brasil não vai permitir que a crise internacional resulte na queda da criação de empregos, e lembrou que uma das apostas do país é o fortalecimento da indústria nacional.  “Nós não vamos transferir emprego para ouros países do mundo. Os empregos gerados para o Brasil serão mantidos no Brasil”, avisou Dilma.

Furtado foi ministro do Planejamento em 1962, durante o governo de João Goulart. Ele foi um dos idealizadores da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), com a função de desenhar uma política de incentivos fiscais para fomentar investimentos privados na região. “Formação Econômica do Brasil”, publicado em 1959, é uma das principais referências na análise das causas e entraves do desenvolvimento.

A homenagem a Celso Furtado é “mais do que justa”, na visão da presidenta, o economista defendia a necessidade de desenvolvimento colocando a população como prioridade. Dilma diz que esse tipo de princípio é que norteia sua gestão. “País rico é aquele em que as pessoas importam, portanto é um país sem pobreza”, afirmou a presidenta. “Somos um país que tem hoje todas as condições e é capaz de dar empregos para seus filhos”, disse.

Para Dilma, Furtado ensinou que um país se desenvolveria apenas “se os empregos ficassem cada vez melhores”, com acesso a educação e saúde. “Para ter desenvolvimento, teria que ter crescimento, geração de emprego e distribuição de renda. Senão, não era desenvolvimento”, condicionou.

Ela lembrou como “momento terrível” o vivido pela indústria naval até o início do século 21. Ela considera que o setor foi “sucateado” à época, mas “hoje, os brasileiros provam que sabem fazer navios”. A indústria naval empregava, há 11 anos, 2 mil pessoas. Com o Promef, lançado em 2004, no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de reativar a indústria naval brasileira, o quadro se inverteu. São 60 mil empregos diretos e indiretos. Nos próximos três anos, mais 200 mil pode ser criados, segundo dados oficiais.

“Lutei muito para que o Brasil voltasse a produzir o que ele era capaz”, disse Dilma. “A indústria naval, quando o presidente Lula chegou ao governo, estava paralisada. E você via no chão, nos muitos estaleiros que já tinham produzido navio, a grama crescendo por entre as pedras. Isso foi responsabilidade de um momento terrível da nossa história, em que nós tivemos uma das maiores perdas para os trabalhadores do setor metalúrgico do Brasil. E aí, o presidente Lula tomou uma decisão. Nós podemos produzir no Brasil o casco, o navio e a plataforma.”

 Indústria naval

A embarcação da Transpetro vai transportar combustíveis (gasolina e diesel). A primeira viagem parte de Niterói para o porto de Santos (SP), onde receberá a primeira carga. É o primeiro navio do gênero entregue por um estaleiro brasileiro ao Sistema Petrobrás desde 1997.

Até 2015, 49 outros petroleiros e gaseiros serão entregues em duas fases. Na primeira, haverá 65% de nacionalização e, na segunda, 70%. Foram R$ 180 milhões para a construção do Celso Furtado, que faz parte do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). A iniciativa já lançou ao mar quatro navios.

Segundo a Transpetro, as futuras entregas enquadradas no Promef levam a frota brasileira à quarta posição mundial em encomendas. A iniciativa é parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).