Corte de meio ponto nos juros divide opiniões

São Paulo – A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de cortar em meio ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira dividiu as […]

São Paulo – A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de cortar em meio ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira dividiu as opiniões de empresários e sindicalistas. Algumas entidades elogiaram a postura do Copom de levar a Selic a 11% ao ano, ao passo que outras viram timidez na medida, adotada por unanimidade.

Em nota conjunta, os sindicatos dos Metalúrgicos de São Paulo (Força Sindical) e do ABC (CUT), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) avaliaram que o Copom deveria ter realizado um corte mais agressivo, dado que não enxergam pressão inflacionária que possa justificar a postura que consideram tímida.

As entidades apresentaram dados que indicam redução da produção e nas projeções de vendas, além de apontarem sinais de esfriamento no mercado de trabalho e no crédito. “As entidades lembram que, desde o início do ano, vêm cobrando a redução dos juros e alertando para o arrefecimento da atividade econômica no país”, diz.

Juros - novembro 2011

A mesma linha foi defendida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) que, em nota, disse que o Copom acertou no remédio, mas “errou na dosagem”. Carlos Cordeiro, presidente da entidade, lembra que o Brasil ainda tem a taxa de juros real mais alta do mundo e que a redução na Selic pode ajudar as outras medidas adotadas pelo governo para incentivar o crescimento econômico. “O Brasil precisa de condições que garantam a continuidade do ciclo de desenvolvimento econômico, inclusive como antídoto para proteger a economia de qualquer problema que possa advir da crise europeia”, defende.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) ponderou que a decisão foi correta e mostrou que o Banco Central está atento à retração da atividade econômica do país, devendo manter a continuidade da política de corte para reduzir os efeitos da desaceleração da produção industrial. “A CNI advertiu, contudo, que os reajustes já programados para 2012, como o aumento do salário mínimo, não devem ser ignorados para o cenário inflacionário”, disse a entidade, defendendo rigor na política fiscal.

Em nota conjunta, cinco centrais (Força, CGTB, CTB, Nova Central e UGT) consideraram “extremamente tímida” a queda de meio ponto. “Entendemos que o Banco Central perdeu uma ótima oportunidade de aproveitar-se do encolhimento da demanda mundial para fazer uma drástica redução na taxa de juros, que poderia funcionar como um estímulo para a criação de empregos e para o aumento da produção no país”, afirmam as entidades.