Produção industrial registra alta de 2,3% em 12 meses, diz IBGE

Relatório mostra desaceleração de 0,2% em agosto frente a julho

São Paulo – A produção industrial diminuiu 0,2% no Brasil em agosto deste ano, comparada a julho. Na relação com agosto de 2010, a produção aumentou 1,8%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pesquisa divulgada nesta terça-feira (4). A produção industrial acumula alta de 1,4% desde janeiro. Considerando-se o acumulado dos últimos 12 meses, a alta é de 2,3%.

A tendência, desde outubro de 2010, é de desaceleração da produção, segundo o IBGE. Em julho, o acumulado era de 2,9%. A expectativa de economistas de bancos era próxima do resultado apurado, já que as apostas eram mesmo de um ritmo menor de crescimento econômico. A importação e o crescimento mais lento da economia são apontados como principais fatores para o resultado.

“Nos últimos três meses, a indústria está operando em um mesmo patamar de produção. Quando se compara com o primeiro trimestre, o ritmo é bem mais moderado para a atividade industrial”, disse o economista do IBGE, André Macedo. Apesar disso, a produção da indústria brasileira em agosto foi apenas 2,5% mais baixo do que o recorde registrado em março deste ano.

A estabilidade da produção a que se refere Macedo tem relação com o setor de bens intermediários – itens empregados por fábricas de outros setores, como bobinas de aço, usadas no setor automobilístico por exemplo – em queda há três meses. Por ser um segmento diretamente vinculado aos demais, é um dos que mais sofre com a estagnação do ritmo industrial.

“Esse é um segmento que sofre um impacto importante do volume de importações. Dado que tem relevância no setor industrial, isso guarda uma relação com a indústria geral”, explicou Macedo. Outros setores que sofreram com a entrada de importados foram calçados e têxtil. Para os exportadores, o IBGE constatou dificuldades para concorrer internacionalmente. “Há uma concorrência interna maior e uma dificuldade maior também na colocação de produtos no mercado externo.” Além da concorrência de bens trazidos de outros países, o economista do IBGE deixa claro que há demanda interna menor.

A taxa de agosto é formada na avaliação de atividades industriais de 27 setores, dos quais 11 tiveram redução, com destaque para os alimentos, cuja produção caiu 4,6%. A redução das exportações de suco de laranja, açúcar e carne bovina é responsável pela queda. Entre as que tiveram aumento na passagem de julho para agosto estão máquinas e equipamentos, com expansão de 3%. A produção das atividades da categoria “fumo” cresceram 38,3%.

 

No acumulado em 2011, 16 dos 27 ramos de atividade tiveram crescimento. O destaque foi para os resultados positivos da produção de veículos automotores (5,7%) impulsionado por altas da maior parte dos produtos investigados no setor (cerca de 80%).

Na lista de setores com avanço de produção estão ainda equipamentos de transporte (11,7%), edição e impressão (7,2%), minerais não metálicos (4,3%), máquinas e equipamentos (2,1%), farmacêutica (3,9%), indústrias extrativas (2,5%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (6,2%) e equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, ópticos e outros (12,5%).

A média móvel trimestral ficou em -0,4%. O índice voltou a mostrar queda, com o trimestre encerrado em agosto reduzindo em 0,4% o nível de julho, após ficar praticamente estável anterioriormente – junho, julho – (0,1%). Por categorias de uso, com exceção de bens de capital, que avançou 0,7%, os outros segmentos assinalaram taxas negativas, principalmentes bens intermediários, que ficaram com a maior queda entre julho e agosto (-0,8%).