Miriam Belchior promete condições de trabalho melhores em Belo Monte
Protestos de operários em Santo Antônio e Jirau foram lições. Ministra diz que pessoas que com visões técnicas e não ideológicas serão convencidas da necessidade da usina
Publicado 22/08/2011 - 12h38
Miriam Belchior afirma que convívio familiar e visitas periódicas à cidade de origem serão garantidas a operários (Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil – arquivo)
São Paulo – A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, afirmou nesta segunda-feira (22) que a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, será construída com mais cuidado do que nas usinas de Santo Antonio e Jirau, em Rondônia. Dois dias após protestos pelo mundo contra a iniciativa, a ministra qualificou as críticas a uma visão “ideológica”, sem disposição ao diálogo.
As declarações foram feitas durante o debate Diálogos Capitais, com o tema: “Hidrelétricas: as necessidades dos País e o respeito à sustentabilidade”, realizada em São Paulo.
Belchior considera que a estratégia de planejamento de Belo Monte deve ser feita já com pré-recomendações voltadas às condições de trabalho. Entre as medidas asseguradas pelo governo estão a definição de mesas de negociações entre trabalhadores e empresas, capacitação de mão de obra local, canteiro de obras com convívio familiar e visitas periódicas à cidade de origem.
Os itens listados pela ministra do planejamento foram motivo de manifestações e reivindicações dos trabalhadores das usinas do Rio Madeira em março deste ano. Uma série de protestos chegou a paralisar as obras. No tumulto, a maioria dos alojamentos foi destruída, o que levou a construtora a enviar trabalhadores para suas cidades de origem. À época, os trabalhadores apresentaram uma pauta de reivindicações por melhores condições de trabalho.
Miriam Belchior destacou as ações planejadas pelo governo federal para serem aplicadas no planejamento da construção de Belo Monte. A principal delas é a determinação de condicionantes socioambientais, ou seja, aplicação de recursos para melhoria das condições de vida das populações que serão atingidas e que, segundo a ministra do Planejamento, terá um investimento de R$ 3,5 bilhões, vindos das empresas do consórcio que constrói o empreendimento.
“A gente precisa garantir energia para o país continuar crescendo reduzindo desigualdade e otimizando o uso de energia no Brasil. Para conseguir isso, ampliamos e aperfeiçoamos o planejamento. Tudo isso será realizado de maneira socialmente e ambientalmente sustentavel”, enfatizou Belchior.
Sobre os protestos contrários à construção da usina, que no sábado (20), resultou em manifestações em mais de 35 cidades no Brasil e no mundo,a ministra afirmou que “todos aqueles que não têm visão ideológica, e sim técnica, serão convencidos da viablidade e da necessidade de Belo Monte”.
“Belo Monte será o exemplo de implantação de usina hidrelétrica na região Amazônica”, finalizou Miriam Belchior.
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