Para Mantega, R$ 10 bi a mais de superávit primário em 2011 ajudam BC a reduzir juro

Reação ao agravamento da crise externa indica opção diferente da usada pelo país em 2008

Guido Mantega anuncia alta de R$ 10 bi da meta de superávit primário para 2011 (Foto: Elza Fiuza/Abr)

São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou que o governo federal ampliará em R$ 10 bilhões a meta de superávit primário do setor público de 2011 – o saldo positivo na contra de receitas menos despesas, sem incluir gastos com juros da dívida pública. A decisão havia sido informada pela presidenta Dilma Rousseff às centrais na manhã desta segunda-feira (29).

Na prática, o governo federal, que pretendia economizar R$ 81,8 bilhões, passa a almejar R$ 91 bilhões. Somados aos outros executivos, o objetivo é atingir R$ 117,9 bilhões neste ano. Com a decisão servidores públicos da União terão mais dificuldades para garantir reajustes salariais neste ano e no próximo.

A medida foi justificada por Mantega como uma forma de lidar com a piora da economia mundial. A avaliação é de que impedir o aumento dos gastos correntes do governo cria espaço para reduzir a taxa de juros. Ele negou que o objetivo seja pressionar o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que decide, nesta quarta-feira (31) o novo patamar da taxa básica de juros – a Selic.

O anúncio foi feito em entrevista coletiva no Ministério da Fazenda, após a reunião do Conselho Político, realizada no Palácio do Planalto. No encontro, as mudanças foram apresentados aos líderes de partidos da base aliada do governo no Congresso Nacional. Mantega destacou que o ajuste não se dará à custa de cortes adicionais.

A decisão de seguir uma cartilha de “austeridade” – menos interferência do Estado na economia e sem incentivos ao setor produtivo – vai na contramão do que foi a opção do país para lidar com a crise de 2008. Na ocasião, um conjunto de medidas estimulou o consumo interno e movimentou a economia, fazendo com que o país fosse um dos primeiros a superar os efeitos da instabilidade externa.

Questionado sobre a possibilidade de criar estímulos, Mantega afirmou não ver necessidade da medida. Ele vê o crescimento da economia dentro do esperado e reiterou que o ajuste fiscal anunciado é uma resposta ao cenário internacional e não tem nada a ver com a decisão de política monetária desta semana.

Na reunião com as centrais, a mesma posição foi defendida por Dilma. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) manifestou insatisfação com a medida, sustentando a necessidade de corte de juros o mais rapidamente possível. A avaliação é de que taxas elevadas também prejudicam as contas do governo, porque consomem mais recursos para pagamento aos credores da dívida pública.

Com informações da Reuters

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