Emprego fica estável em julho, renda tem oitava queda

Pesquisa Dieese/Seade mostra comércio com melhores resultados

São Paulo – A taxa de desemprego total permaneceu estável no mês de julho, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (31) pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O percentual de desemprego oscilou de 12,4% a 11% na comparação entre julho e o mesmo período do ano passado nas sete regiões metropolitanas pesquisadas. O avanço considerando 12 meses é  semelhante ao verificado no mês anterior.

Os desempregados nas sete regiões analisadas somaram 2,441 milhões. Como são 14 mil a mais do que em junho, os pesquisadores consideram o cenário estável. A ocupação recuou apenas em Recife e cresceu nas demais capitais (São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Fortaleza, Belo Horizonte e Distrito Federal). Os dados refletem a estabilidade das taxas de desemprego aberto (8,3%) e oculto (2,6%).

No total, julho apresentou ligeiro crescimento com 67 mil ocupações, não suficientes para absorver o número de pessoas que entraram no mercado de trabalho. Como a População Economicamente Ativa (PEA) aumentou mais do que o número de empregos, o resulto foi um ligeiro aumento do contingente de desempregados.

O rendimento médio real dos ocupados registrou declínio pelo oitavo mês consecutivo, caindo 0,5% em julho ante o mês anterior (de R$ 1.409 para R$ 1.356). As massas de rendimentos diminuíram para os ocupados (0,8%) e dos assalariados (1,0%). Entre as causa apontadas pela pesquisa é a redução do nível de emprego, visto que o salário médio apresentou ligeira variação positiva.

Para Alexandre Loloian, coordenador de análise do Seade, a taxa de desemprego é a menor desde julho de 1990. Apesar disso, as incertezas na economia mundial, com crise em países ricos, trazem dúvidas também ao cenário nacional. “Nossa esperança é que o nível de ocupação se mantenha nesta linha para garantir crescimento nos setores.”

Patrícia Costa, diretora de planejamento do Dieese, lembra a tendência no segundo semestre continua a ser de crescimento do emprego – principalmente por questões sazonais, como as festas de fim de ano. Mas, diante da desaceleração da economia, os resultados podem não ser tão positivos quanto os esperados inicialmente.  

Os níveis de ocupação foram puxadas basicamente pelo comércio (40 mil novas vagas). A indústria criou 36 mil postos, seguida pela construção civil (6 mil, em menor proporção), pelo setor de serviços (27 mil, variando negativamente) e nos demais setores, somando 12 mil.

Loloian afirma que a pesquisa não permite uma visão ampla do desempenho da indústria, mas houve estabilidade no número de vagas. “Cresceu (o emprego) só na indústria de editoração gráfica e de bens semiduráveis, principalmente em São Paulo. Não foram os segmentos de bens de consumo duráveis que determinaram algum tipo de crescimento”, diz.

Manteve-se estável o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado, e cresceram as vagas para empregados domésticos (1,7%) e autônomos (0,6%). Com a elevação do trabalho de autônomos, a tendência é de que haja redução no ritmo de criação de postos com registro, explica a diretora de planejamento do Dieese.