Classe C estimula expansão do setor de moda no Rio

Rio de Janeiro – O crescimento da classe C teve impacto decisivo no surgimento de novos territórios da moda na cidade do Rio. Pesquisa da Fundação Getulio Vargas, intitulada Territórios […]

Rio de Janeiro – O crescimento da classe C teve impacto decisivo no surgimento de novos territórios da moda na cidade do Rio. Pesquisa da Fundação Getulio Vargas, intitulada Territórios da Moda no Rio de Janeiro, aponta que a expansão dos consumidores das classes mais baixas teve como efeito positivo o aumento do número de produtores e vendedores de roupas na capital fluminense.

A pesquisa, divulgada nesta terça (16), mostrou que esses consumidores estão mais exigentes e demandando roupas de maior qualidade. A coordenadora do levantamento, Elizete Ignácio dos Santos, explicou que o número de empresas do ramo no subúrbio e na zona oeste do Rio, onde vive grande parte da classe baixa carioca, está crescendo a taxas mais altas que as da zona sul, bairro nobre da cidade.

“Essas novas empresas estão produzindo uma moda diferente da padrão, daquela que é vista na televisão e nas capas de revistas. Ela [a moda produzida pelas novas empresas] é mais colorida, com modelagens e estampas diferentes e expressa o modo de vida da região, de um tipo de consumidor que quer se valorizar e valorizar aquilo que é produzido localmente”, explicou Elizete.

Ela lembrou que, apesar da expansão, os desafios são grandes para esses novos empresários. Além da falta de mão de obra qualificada e da carga tributária pesada, que são desafios comuns de todos os setores, os novos territórios de moda enfrentam ainda o preconceito. “Essa produção nem sempre é reconhecida como moda e esse grupo de empresários precisa se colocar no mercado de forma positiva, de que faz moda, sim para um público específico, que quer se reconhecer no que está sendo produzido”.

Dona da loja Ki-Korpo, Eli Alves, começou com uma pequena fábrica de moda praia em Campo Grande, na zona oeste, e hoje tem oito lojas, uma delas na capital alagoana, Maceió. Para a empresária, investir no potencial local foi fundamental para o sucesso. “Tenho uma equipe de funcionários e estagiários que mora na zona oeste e, ao dar essa oportunidade, descobri muitos talentos que nunca imaginava existir. Todos podem aprender, basta dar treinamento, formação”, relatou.

A pesquisa mostra também que cadeia produtiva da moda movimenta cerca de R$ 892 milhões por ano na cidade do Rio de Janeiro. Cerca de 40% das marcas e confecções faturam até R$ 36 mil anualmente e 35% faturam entre R$ 36 mil e R$ 240 mil. De acordo com Elizete, o fato de a indústria da moda movimentar cerca de R$ 5 bilhões, por ano, mostra o peso que a cidade do Rio tem para o setor no país. “Mas poderia ser ainda maior, devido ao valor simbólico que o Rio tem para a moda brasileira.”

O levantamento foi encomendado pelo Instituto Pereira Passos e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio de Janeiro. Foram entrevistadas mais de 600 pessoas envolvidas na cadeia produtiva da moda carioca. O objetivo é orientar ações e políticas públicas voltadas para o fomento e o desenvolvimento do setor.

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