BNDES vê risco de paralisação do crédito no exterior

São Paulo – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, vê riscos de paralisação do crédito internacional e afirmou que não “é mais sensato” […]

São Paulo – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, vê riscos de paralisação do crédito internacional e afirmou que não “é mais sensato” pensar em alta do juro no Brasil diante da deterioração do cenário externo.

“A situação é frágil e estamos à beira de uma situação que pode replicar um episódio de duplo mergulho, embora diferente, e de paralisia do crédito no sistema internacional”, afirmou Coutinho, referindo-se à possibilidade de nova recessão global.

“O (sistema) interbancário europeu está parado, toda a liquidez está se concentrando nos bancos centrais”, disse ele durante evento em São Paulo.

Os temores de agravamento na crise de dívida soberana da Europa e de estagnação do crescimento estão pressionando os mercados financeiros globais.

Na quinta-feira, as bolsas de valores em todo o mundo registraram fortes perdas. No Brasil, o Ibovespa –que reúne as principais ações locais– teve queda de quase 6 por cento , a maior desde novembro de 2008, quando o mundo ainda ressentia a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers.

Segundo Coutinho, a crise de liquidez na Europa também “contamina” a economia norte-americana, embora em menor escala.

“Certamente os custos de capital nos Estados Unidos serão maiores, a perspectiva de degradação das finanças públicas americanas vai afetar o custo de capital em alguma extensão”, disse ele. “A perspectiva nos EUA é hoje de um crescimento mais modesto.”

Ainda conforme o presidente do BNDES, diante desse quadro, “não é mais sensato pensar em subidas adicionais da Selic”.

A taxa básica de juro do Brasil foi elevada em 0,25 ponto percentual em julho, para 12,50 por cento. Desde janeiro, o Banco Central aumentou o juro em 1,75 ponto, dentro do esforço para conter inflação em meio a uma economia doméstica aquecida. 

A deterioração do cenário externo tem feito com que mais economistas apostem em interrupção do ciclo de aperto monetário pelo BC na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do final de agosto.

Crédito no Brasil

Coutinho disse não esperar que os bancos privados brasileiros segurem a oferta de crédito como fizeram na crise global deflagrada em 2008, mas afirmou que o governo pode agir novamente se necessário para evitar a escassez de capital.

“Se tivermos uma crise bancária e paralisar o crédito, vamos (o BNDES) ter que ver instrumentos de expansão do crédito junto com os bancos públicos”, afirmou ele a jornalistas após participar de conferência promovida pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef).

Fonte: Reuters