Mantega: sem transportes e alimentos, inflação em 12 meses estaria em 4,76%

Ministro acredita que preços de combustíveis voltem ao normal em julho (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil) Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse segunda-feira (3) que a inflação acumulada […]

Ministro acredita que preços de combustíveis voltem ao normal em julho (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse segunda-feira (3) que a inflação acumulada em 12 meses fechados em março estaria em 4,76% se não fossem levados em consideração os preços dos setores de transporte e alimentação. Essa taxa é bem menor do que prevê o mercado financeiro, que estima a inflação em 6,37% em 2011.

Mantega explicou que é normal no início do ano a ocorrência de problemas climáticos, como as chuvas, que pressionam os preços dos alimentos. Ele lembrou que no período também há reajustes nas tarifas dos transportes, que acabam influenciando a alta de preços. O setor da educação, em função dos reajustes de mensalidades e matrículas, também tem impacto na inflação, destacou o ministro.

 

“Os fatores sazonais têm um peso e, quando termina o período da chuva, temos uma redução no preço dos alimentos”, afirmou ele, durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Para Mantega, porém, este ano as chuvas se prolongaram e a pressão continuou. “Durante o período de chuva você não consegue controlar uma série de preços.”

O ministro também destacou os reajustes de álcool combustível, que teve o maior preço em abril devido à entressafra. Ele lembrou ainda que o consumo de etanol aumentou, assim como o preço do açúcar. Com esse item mais caro, muitos produtores preferiram investir nele e não no álcool.

Para Mantega, este mês os preços começam a voltar ao normal, processo que deverá seguir até julho. “O governo está trabalhando para a regulamentar do setor”, acrescentou o ministro.

Sob controle

Muito questionado sobre o patamar da inflação, Mantega admitiu que os índices oficiais podem bater o limite da meta (6,5%), mas ele considera que isso não significa que ela vá fugir do controle nem prejudicar o crescimento da economia. Segundo ele, o governo tem conseguido conciliar o crescimento da economia com inflação mais baixa.

“Temos controlado e agido quando precisa. Em 2011, com essas condições, a inflação não escapará do controle. Pode bater o limite da meta, mas não fugirá do controle”, disse.

De acordo com Mantega, o governo está atento e empenhado em combater a inflação, mas não pode derrubar o crescimento. Ele destacou que o importante é fazer os ajustes com equilíbrio. “Se for para derrubar o crescimento, qualquer um faz. A arte da coisa é fazer com equilíbrio. Temos condições e estamos tomando as medidas certas. Esta sintonia fina não é fácil.”

O ministro disse aos senadores que os ajustes necessários para manter o crescimento sustentável próximo de 5% passam pela consolidação fiscal com a reversão dos estímulos econômicos liberados durante a crise.

Ele voltou a destacar a redução da influência de fatores climáticos comuns no início do ano, como a chuva, e a previsão de queda dos preços de alimentos e dos combustíveis, principalmente do álcool. “O etanol vai cair em maio. São Pedro não está nos ajudando muito. Não há risco e tomaremos as medidas necessárias.”

O ministro falou ainda sobre a concorrência desleal de produtos importados. Segundo ele, o governo está atendo para tomar a medidas necessárias a fim de que a indústria nacional não tenha prejuízos. “Amanhã (quarta-feira 4) teremos reunião com o Grupo de Avanço da Competitividade (GAC)”, informou. O encontro deverá servir para discutir medidas que estabeleçam maior controle de qualidade sobre os produtos importados.

Mantega tem defendido em diversas ocasiões os ajustes, por considerá-los necessários para manter o crescimento sustentável próximo de 5% e enfrentar os problemas nacionais e internacionais, com a consolidação fiscal e o fim dos estímulos econômicos adotados durante a crise.

Entre essas medidas está o corte de R$ 50 bilhões nos gastos públicos, mas com a manutenção dos investimentos. Ele também defende a redução da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 12% ao ano. O ministro destacou ainda o superávit primário de R$ 25,5 bilhões do Governo Central (Banco Central, Previdência Social e Tesouro Nacional) nos primeiros três meses do ano. A meta do quadrimestre é de R$ 22,9 bilhões.

Mantega destacou ainda o déficit nominal – que, além das receitas e despesas correntes do setor público, inclui pagamentos de juros da dívida – previsto para este ano de 1,9%. “Isso deve levar a zero o déficit nominal em pouco tempo”, disse. Um dos objetivos da equipe econômica do governo é que as despesas do governo cresçam menos do que o Produto Interno Bruto (PIB).

Fonte: Agência Brasil