Indústria brasileira ainda é do século 20, afirma ministro

Com olhos para a Ásia, Fernando Pimentel diz que Brasil precisa de modernização no setor para ser competitivo

Pimentel afirmou que governo está atento a “práticas desleais” de competidores internacionais (Foto: Rossana Lana/SMABC)

São Paulo – Ao mesmo tempo em que destaca o desempenho do Brasil no agronegócio e no setor de alta tecnologia, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, vê urgência no processo de modernização do setor industrial brasileiro. “Essa nossa indústria é do século 20. Temos de modernizá-la e torná-la competitiva”, afirmou, durante seminário com representantes de trabalhadores e empresários em São Paulo. A Ásia, e não só a China, representa um desafio para o mundo inteiro, ao apresentar um novo modo de produção, com custo menor.

Para o curto prazo, o ministro apresentou algumas medidas a serem implementadas pelo governo, que também prevê uma política nacional de desenvolvimento da competitividade, cujos detalhes devem ser apresentado no máximo no início do segundo semestre. “O primeiro foi dedicado a combater a onda inflacionária”, comentou Pimentel. Segundo ele, o país deve se orgulhar da produção de commodities, mas o emprego não está no agronegócio nem na alta tecnologia, mas na indústria.

Entre as medidas, está o que ele chama de “defesa comercial ativa”, para inibir “práticas às vezes desleais dos competidores”. Não se trata de protecionismo, observou. “Protecionismo seria se nós estivéssemos infringindo as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio).” Para Pimentel, as medidas em andamento, que incluem também maior apoio à exportação, devem amenizar os problemas pelo real valorizado, com o qual, segundo ele, o Brasil deverá conviver ainda durante algum tempo. “Os Estados Unidos têm uma política monetária expansionista, com efeitos perversos sobre o câmbio. A emissão de moeda (norte-americana) atinge de maneira muito dura as relações de troca e o câmbio no mundo inteiro. Acho que não conseguimos sair dessa equação no curto prazo”, analisou.

Sobre a taxa básica de juros brasileira, o ministro acredita que o segundo semestre, com outro ambiente econômico, poderá trazer mudanças na política do Banco Central. “A taxa de juros não é movida pelo desejo da gente. Tenho certeza de que o presidente (Alexandre) Tombini também quer (juros mais baixos).”