Com aumento de 0,25 ponto percentual, BC eleva juros a 12% ao ano

Taxa básica teve aumento nas três reuniões do Copom no atual governo

Terceira alta seguida de juros mantém patamar mais alto em dois anos (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil – arquivo)

São Paulo – A Selic, taxa básica de juros da economia, foi elevada a 12% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC). Como ocorre há oito anos, não houve aplicação de viés. A decisão de aumentar a taxa em 0,25 ponto percentual, anunciada na noite desta quarta-feira (20), confirma a expectativa de economistas ligados ao mercado financeiro, embora parte apostasse em aumento de 0,50 ponto. Essa divisão se refletiu na decisão do Copom, porque dois diretores defendiam alta de meio ponto, como nas duas reuniões anteriores. Cinco optaram por 0,25.

“Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que ora envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que, neste momento, a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012”, diz o Copom, em nota.

Desde janeiro deste ano, nas três reuniões do comitê durante o governo de Dilma Rousseff e na gestão de Alexandre Tombini na presidência do BC, foi a terceira alta de juros consecutiva. O aumento acumulado é de 1,25 ponto percentual – a taxa era de 10,75% ao ano. Com isso, a taxa real, descontada a inflação, deve alcançar 6,6% ao ano, mais de três vezes mais do que a segunda maior do mundo, praticada Austrália (1,9% ao ano).

O patamar atual permanece como o maior desde março de 2009 (12,75%). O aumento deve dificultar ainda mais a tarefa da própria autoridade monetária para controlar a desvalorização do dólar frente ao real. A moeda norte-americana foi cotada nesta quarta em R$ 1,571, menor cotação desde agosto de 2008. Com isso, permanecem facilitadas as importações e prejudicadas as vendas de produtos brasileiros no exterior.

A pressão da inflação é apontada por economistas de bancos e instituições financeiras como principal motivação para uma nova elevação na taxa de juros. Por isso, a maior parte desses analistas acreditavam na manutenção do ritmo de alta da taxa. Como o Banco Central considera a previsão do mercado e os juros futuros como um dos pontos-chave para decidir, o anúncio era esperado.

Para críticos da política de juros, a medida é insuficiente para conter a inflação, já que a maior parte das pressões sobre preços decorre da alta externa de alimentos e commodities – produtos agrícolas e da mineração. Além disso, o governo federal precisaria recorrer a outras medidas para elevação de preços que independem dos juros.

A próxima reunião do Copom será realizada em 7 e 8 de junho.

Críticas

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e do Centro das Indústrias do Estado (Ciesp), Paulo Skaf, afirmou que o aumento é insustentável. “O Brasil dá mais um passo atrás no estímulo de seus setores produtivos e da geração de empregros. Quem defende uma taxa de juros nesse patamar não está defendendo os interesses do Brasil. Esta minoria está defendendo seus próprios interesses”, afirmou, em nota.

A decisão também foi criticada pelo presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP). “Esta decisão desastrosa do governo caminha na contramão do desenvolvimento econômico com distribuição de renda. (…) Manter a taxa de juros nas alturas, como a via para diminuir a atividade econômica e combater a inflação, é insistir na orientação que, num passado não muito distante, levou o país a um largo período de crescimento econômico pífio e desemprego.”

ReuniãoPeríodo de vigênciaMeta SELIC
% a.a.
data
158ª20/04/201121/04/2011 – 08/06/201112%
157ª03/03/201104/03/2011 – 20/04/201111,75%
 156ª19/01/201120/01/2011 – 03/03/201111,25
 155ª08/12/201009/12/2010 – 19/01/201110,75
 154ª20/10/201021/10/2010 – 08/12/201010,75
 153ª01/09/201002/09/2010 – 20/10/201010,75
 152ª21/07/201022/07/2010 – 01/09/201010,75
 151ª09/06/201010/06/2010 – 21/07/201010,25
 150ª28/04/201029/04/2010 – 09/06/20109,50
 149ª17/03/201018/03/2010 – 28/04/20108,75
 148ª27/01/201028/01/2010 – 17/03/20108,75
 147ª09/12/200910/12/2009 – 27/01/20108,75
 146ª21/10/200922/10/2009 – 09/12/20098,75
 145ª02/09/200903/09/2009 – 21/10/20098,75
 144ª22/07/200923/07/2009 – 02/09/20098,75
 143ª10/06/200911/06/2009 – 22/07/20099,25
 142ª29/04/200930/04/2009 – 10/06/200910,25
 141ª11/03/200912/03/2009 – 29/04/200911,25
 140ª21/01/200922/01/2009 – 11/03/200912,75