Apesar de culpar alta de preços no mundo, governo mostra que inflação preocupa

Na primeira reunião do CDES no governo Dilma, Mantega atribui pressão apenas a alta de commodities. Tombini, do BC, admite elevações por aquecimento da economia

Dilma e ministros participaram da 37ª reunião do CDES, em Brasília (Foto: Roberto Stuckert Filho/Pr)

São Paulo – Discursos da presidenta Dilma Rousseff, do ministro da Fazenda Guido Mantega e do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deixaram claro que a inflação segue como preocupação central do governo. Nesta terça-feira (26), durante a primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) da atual gestão do Executivo federal, em Brasília (DF) eles mostraram afinação ao dizer que o governo está atento às pressões sobre preços.

“Não nos furtaremos a colocar em ação todas as medidas, e aí repito, todas as medidas que julgarmos necessárias e urgentes”, disse Dilma. Segundo ela, o governo está atento às pressões inflacionárias e o efeito das medidas já tomadas ainda não se fez sentir plenamente.

O CDES foi criado em 2003, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A iniciativa reúne figuras de diferentes setores da sociedade, como empresários, sindicalistas, economistas etc. A reunião desta terça foi a 37ª desde então.

Mantega disse que o governo brasileiro tem conseguido manter os índices de inflação sob controle bem mais do que outros países em desenvolvimento, como a Rússia e a Índia, que acumularam inflações de 9,4% e 8,8%, respectivamente, em 12 meses, de acordo com resultado apurado em março. Para ele, a situação do Brasil mostra que o país não “está mal na foto mundial”.

Para Mantega, o problema da inflação é global, pois o mundo está vivendo um surto inflacionário, com forte pressão do preço das commodities. Nos últimos 12 meses, os alimentos subiram 43,2%, enquanto commodities industriais aumentaram 32,5%. Apesar de não ter como combater essa causa da inflação – relacionada a fatores climáticos e aumento do consumo –, Mantega lembrou que há medidas monetárias ou fiscais que devem ser adotadas pelo governo.

Tombini frisou ainda que o esforço do governo para trazer a inflação ao centro da meta precisa ser prolongado. Ele deixou claro que a inflação. “A inflação brasileira reflete a inflação global elevada… mas também tem componentes locais”, admitiu. Para o presidente da autoridade monetária, as altas de preços no setor de serviços são “um reflexo do aquecimento da economia”.

O presidente do BC defendeu o uso das medidas macroprudenciais argumentando que elas têm efeito sobre a demanda agregada. Segundo ele, as medidas que vêm sendo tomadas tem por objetivo desacelerar o crescimento do crédito e não contrair o crédito.

Câmbio

Tombini lembrou que, além da inflação, o outro grande desafio do BC é lidar com os intensos fluxos de capitais estrangeiros que têm contribuído para a valorização do real. Como já havia feito o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que falou antes, Tombini usou os dados acumulados de abril para mostrar que as medidas do governo para conter a entrada de dólares têm funcionado.

Antes, Mantega havia criticado a “política monetária frouxa” dos países desenvolvidos que tiveram de abrir mão de uma série de medidas de controle para enfrentar os efeitos da crise financeira. Essa falta de rigor é apontada como uma das causas do excesso de liquidez no mercado financeiro, o que promove que grande volume de recursos se desloquem a países emergentes como o Brasil.

Até o dia 20 de abril, o país registra um saldo positivo de US$ 133 milhões no mês, enquanto no primeiro trimestre o superávit foi superior a US$ 35 bilhões.

Com informações da Agência Brasil e da Reuters

 

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