Industriais e sindicalistas criticam decisão do Banco Central de elevar juros
São Paulo – Sindicatos de trabalhadores e entidades ligadas a empresários da indústria criticam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros da […]
Publicado 02/03/2011 - 20h45
São Paulo – Sindicatos de trabalhadores e entidades ligadas a empresários da indústria criticam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros da economia para 11,75% nesta quinta-feira (2). A taxa é o patamar mais elevado em dois anos. Os efeitos da medida sobre o câmbio, que pode se tornar ainda menos favorável às exportações e à produção industrial, são os principais alvos.
“A elevação da taxa Selic é nefasta para a economia do Brasil, pois inibirá o crescimento, a geração de mais empregos e o desenvolvimento econômico e social do país”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). “O Banco Central mais uma vez cedeu à chantagem do mercado financeiro, para favorecer a minoria privilegiada detentora de títulos públicos, principalmente os bancos que lucraram mais de R$ 43 bilhões em 2010”, critica Cordeiro.
Para ele, não há embasamento técnico que justifique o aumento. A subida da inflação nos últimos meses, como mostram as pesquisas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), deve-se às majorações de preços de algumas commodities agrícolas, não havendo nenhum indício de que tenham sido provocadas pelo aumento da demanda.
Para a Força Sindical, a decisão é uma demonstração de que “o espírito conservador” orienta a política monetária nacional. “Infelizmente, está prevalecendo uma nefasta simpatia da equipe econômica pelo mercado especulativo”, critica a nota assinada pelo presidente da centra, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP). Ele emprega adjetivos como “nefasta”, “desastrosa” e “míope”.
“Esta decisão desastrosa do governo, somada ao corte bilionário no orçamento e ao novo valor do novo mínimo, sem reajuste real, caminha na contramão do desenvolvimento econômico com distribuição de renda”, acusa Paulinho.
Empresários
“Elevar a taxa de juros hoje é um crime contra o Brasil”, resume Luiz Aubert Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). “Essa elevação vai valorizar ainda mais o câmbio e piorar o déficit comercial de vários setores da indústria de transformação”, sublinha.
Aubert lembra que não há escassez de bens de consumo e que juros mais altos não têm impacto sobre o preço dos alimentos, um dos principais vilões da inflação deste início de ano. “Será que o aumento da taxa Selic é o antídoto adequado para segurar o preço do feijão, da batata, da carne ou das commodities?”, ironiza.
A Federação das Indústrias e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) manifestaram “indignação” com a decisão. “O aumento nessa magnitude da taxa Selic é um exagero, pois as medidas tomadas pelo Banco Central em dezembro, como o aumento do compulsório, já estão reduzindo a pressão inflacionária”, sustenta a entidade.
A retração no mercado de crédito é apontada pelos industriais paulistas como sinal disso. A quantidade de empréstimos concedidos diminuiu, assim como encurtaram-se os prazos. Há ainda sinais de desaceleração econômica, na visão da Fiesp. Para Paulo Skaf, presidente da entidade, trata-se de um “perigoso erro pelo excesso”.
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