Mantega anuncia mínimo a R$ 545 e promete reajuste maior em 2012

Na primeira reunião ministerial de Dilma, ministro garantiu 'aumento expressivo' ´no ano que vem. Projeções indicam que 56% da população estará na classe C até 2014

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, após primeira reunião de trabalho de toda a equipe do governo Dilma (Foto: Agência Brasil)

São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, estima que será possível reajustar o salário mínimo para R$ 545, cinco reais a mais que o valor previsto atualmente. A correção assegura aumento real, acima da inflação de 2010, mas está longe dos R$ 580 desejados pelas centrais sindicais. O valor representa reajuste de 6,86%.

Durante a primeira reunião ministerial da gestão Dilma Rousseff, dominada por assuntos econômicos, o ministro anunciou que o governo vai editar medida provisória para assegurar a continuidade da política de valorização do mínimo. Durante o governo Lula, o reajuste se deu pela inflação do ano anterior mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. No caso, o aumento de 2011 é calculado pelo INPC de 2010, de 6,47%, mais a variação do PIB, que recuou 0,6%. “Com base nessa política, o trabalhador terá um aumento expressivo no ano que vem, de 13% a 14%, tendo como base o PIB de 7,5% de 2010 mais a inflação”, disse Mantega, que aproveitou a reunião para reforçar a necessidade de corte nos gastos públicos.

Ele avalia que novas reduções são fundamentais para assegurar os investimentos necessários à sustentação da economia. A estimativa do governo é chegar a 2014 com um nível de investimento equivalente a 24% do Produto Interno Bruto (PIB), cinco pontos acima do patamar atual, que já é o mais alto em décadas. Em 2010, o investimento de União e estatais somou R$ 122 bilhões, o que representa 5% do PIB.

Ao mesmo tempo, Mantega evita elencar os projetos que serão alvo de corte, falando apenas em redução da máquina pública. O ministro explicou que não há número fechado em relação ao Orçamento, diferentemente do que vem sendo informado por alguns jornais, que falam em até R$ 50 bilhões de contingenciamento.  “A gente vai discutir cada projeto… e vamos levar à presidente uma proposta no início de fevereiro. O trabalho vai demorar umas duas, três semanas.”

Com isso, a reunião serviu para que a equipe econômica compartilhasse com os demais ministérios a necessidade de indicar os pontos onde serão feitos os cortes. O novo governo tem adotado a ideia de que é possível fazer mais gastando menos.

Em paralelo, a Fazenda tenta articular com o Banco Central novas medidas para evitar a sobrevalorização do real. A leitura é de que o nível atual prejudica os exportadores, desestimulando os investimentos na indústria.

Mantega estima que o Brasil terá crescimento médio de 5,9% ao longo da gestão Dilma, com 5% de expansão do PIB este ano, 5,5% em 2012 e 6,5% em 2013 e 2014.  De acordo com o ministro, a expansão ocorrerá sem desequilíbrios macroeconômicos, com inflação sob controle, redução da dívida pública e aumento das reservas internacionais.

As projeções indicam que, garantido esse crescimento, 56% da população brasileira estará na classe C até 2014. Serão 113 milhões de pessoas, 18 milhões a mais que o nível atual. As classes A e B, segundo o governo, terão crescimento de cinco pontos, chegando a 16% da população até o fim do mandato de Dilma. O número de brasileiros no estrato D deve cair de 44 milhões para 40 milhões, bem como a classe E, que deve passar de 29 milhões para 16 milhões de brasileiros, correspondendo a 8% da população.