Sindicalista vê ‘coro ensaiado’ de bancos para subida de juros

São Paulo – Relatórios de bancos sobre a conjuntura macroeconômica do país soam como “coro ensaiado” para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro. […]

São Paulo – Relatórios de bancos sobre a conjuntura macroeconômica do país soam como “coro ensaiado” para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro. Em artigo publicado na página da entidade na internet, o sindicalista apresenta dados para sustentar que não há ameaça de volta da inflação, mas acredita que as instituições financeiras tenham interesse na elevação da taxa básica de juros da economia (Selic).

“A taxa Selic é um componente importante no lucro dos bancos. Querem ganhar mais dinheiro de maneira fácil, às custas do desenvolvimento econômico e social do país”, sentencia Cordeiro. Ele chama de “profecias” as previsões de alta da inflação, de crescimento econômico e de variação de outros indicadores do país em 2011, apresentadas pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).

A maior parte delas, sistematizadas pelo Banco Central no Boletim Focus, publicado semanalmente às segundas-feiras, indica risco de inflação apesar do crescimento econômico mais fraco no próximo ano. “É um coro muito bem ensaiado. Uma pressão organizada e concentrada para que as profecias se autocumpram”, critica o sindicalista. Parte da rentabilidade dos bancos é obtida pela aplicação e negociação de títulos da dívida pública, cuja correção oscila tendo a Selic como referência.

O artigo cita a inflação medida em dezembro pelo Índice de Custo de Vida do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (ICV/Dieese). A alta no indicador é atribuída a elevação de alguns produtos de origem agrícola que tiveram redução de oferta por fatores climáticos e sazonais.

“(A alta da inflação) não é procovada por uma explosão do consumo acima da capacidade economia, uma vez que os produtos consumidos, em grande parte via crédito, não apresentam elevação significativa”, pondera. Cordeiro sustenta que artigos como equipamentos doméstimos, majoritatiamente comprados a crédito, acumulam deflação no ano, enquanto a alimentação teve alta de 10,3%.

Com o exemplo, ele aponta que o efeito de uma elevação de juros poderia representar um remédio amargo demais e incorreto para o problema, já que não há pressão sobre a inflação em decorrência da expansão do crédito. O aumento dos juros pode favorecer a uma retração da oferta de financiamento tanto para o consumo quanto para a produção, servindo como um freio para a economia como um todo.

Cordeiro ataca ainda os bancos ao elencar erros de previsões. Entre eles, o sindicalista cita as críticas de instituições privadas contra o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal que decidiram, em 2008, reduzir a margem entre a remuneração paga sobre depósitos e a cobrada nos empréstimos (spread bancário). Apesar da avaliação de que isso seria ineficaz, os bancos públicos expandiram sua fatia de mercado sobre os privados no período seguinte.

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