Caixa diz que não houve falha no processo de aquisição do banco Panamericano

Meirelles afirma que sigilo na investigação foi mantido para cumprir a lei

Meirelles defendeu comportamento do BC no caso (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

São Paulo – A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, disse nesta quarta-feira (24) que a instituição não considera que teve perdas ao comprar parte do banco PanAmericano. A declaração foi feita durante audiência conjunta das comissões de Constituição e Justiça e de Assuntos Econômicas do Senado. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles também foi inquirido pelos parlamentares.

“Não houve falha no processo de aquisição da instituição”, argumentou Maria Fernanda. Ela defendeu que a Caixa fez a compra com base em seu planejamento interno e sem a intenção de fazer especulação no mercado. “Do ponto de vista das responsabilidades, isso será apurado pelos órgãos de controle”, afirmou.

O Grupo Silvio Santos teve que recorrer a um empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de R$ 2,5 bilhões para cobrir rombo no PanAmericano. Maria Fernanda defendeu que, por causa do empréstimo, é possível levar adiante os objetivos com a instituição. “Há plenas condições de executarmos os planos de negócios”, afirmou. Ela acrescentou que na próxima sexta-feira (26), com a assembleia de acionistas, a Caixa assumirá a presidência do Conselho de Administração do PanAmericano.

Segundo Maria Fernanda, além das análises de empresas especializadas, houve uma avaliação da compra do Banco PanAmericano pela própria equipe da Caixa em 2009. Outras instituições financeiras teriam procurado o banco público, mas foi o empreendimento do Grupo Silvio Santos que que apresentou “o melhor conjunto de sinergias com a instituição”. Ela destacou que o banco tem 20 mil pontos de atendimento, “expressivo atendimento em São Paulo, importante para o crescimento do crédito no Brasil”.

Maria Fernanda ressaltou ainda que o PanAmericano tem experiência consolidada com crédito pessoal, principalmente crédito consignado para trabalhadores do setor privado. “O PanAmericano apresentava um conjunto de sinergia que possibilita um crescimento em setores que são prioritários”.

Sigilo

Henrique Meirelles declarou que o sigilo com que foi tratada a crise do Banco PanAmericano obedeceu à legislação. Segundo ele, o BC é proibido de divulgar fatos como as “inconsistências contábeis” verificadas nos balanços do PanAmericano pelo setor de fiscalização, que constatou perdas de R$ 2,5 bilhões.

Meirelles reconheceu que há opiniões divergentes sobre a questão do sigilo, mas avaliou que a medida é correta e visa a preservar o sistema financeiro, além de dar aos controladores de uma instituição em crise a oportunidade de tomar as medidas necessárias para recuperá-la.

“Alguns podem discordar da lei, achando que não deveria haver sigilo bancário e cada vez que o Banco Central descobrisse alguma coisa deveria botar no jornal. Eu desaconselharia Vossas Excelências a aprovar uma lei nesse sentido. Independentemente da gravidade do caso: quanto mais grave, mais objeto de sigilo deve ser, principalmente num caso como esse em que a solução foi bem-sucedida. O controlador colocou recursos e evitou a crise”, destacou.

Ele sustenta que seria “um desastre absoluto” se a questão tivesse sido levada a público. Meirelles afirmou ainda que, , muitas vezes, nem o presidente nem a diretoria do Banco Central tomam conhecimento dos processos de investigação sigilosa da área de fiscalização. Ele disse que, durante toda a fase inicial do processo do PanAmericano, não tomou conhecimento do caso, assim como os diretores, “como manda a norma e o regulamento”.

Com informações da Agência Brasil

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