Para apoiar multinacionais brasileiras, governo quer bancos no exterior

Anúncio de negociação entre Banco do Brasil, Bradesco e instituiçõa portuguesa para atuar na África é parte de investida apoiada pelo Planalto

Mantega aposta na África como “o futuro” (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

São Paulo – O Banco do Brasil anunciou nesta segunda-feira (9) que negocia com Bradesco e Banco Espírito Santo (BES), de Portugal, para a formação de uma holding que atuaria na África. A ação internacional tem o apoio do governo federal, segundo relevou o ministro da Fazenda Guido Mantega. Segundo o ministro, o investimento anunciado não exclui o interesse do BB em expansão para outras regiões, como os Estados Unidos e a América Latina.

“O governo quer que os bancos privados também se expandam internacionalmente, para dar suporte a empresas brasileiras no exterior”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante entrevista coletiva sobre a parceria. “O continente africano é o futuro”, acrescentou.

De acordo com o Banco do Brasil, a holding para atuar na África “coordenaria futuros investimentos envolvendo a aquisição de participações em outros bancos, bem como o estabelecimento de operações próprias no continente africano”. A expectativa é de conclusão dos estudos em 60 ou 90 dias.

O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, comentou que os planos para a África não trarão “impacto relevante sobre o patrimônio” da instituição, mas não deu detalhes. “(O continente africano) é fronteira moderna, atuante da economia. A África, depois da América Latina, está passando por um ‘boom’ econômico também, em commodities, em absorção de alimentos. A África está encontrando o seu caminho de desenvolvimento industrial e agropecuário”, afirmou Trabuco.

No radar dos bancos brasileiros na parceria na África estão Argélia, Cabo Verde, África do Sul, Angola e Marrocos, disse Mantega.

Nos EUA e América Latina

O vice-presidente de Negócios Internacionais e Atacado do banco estatal, Allan Toledo, afirmou que a instituição deve concluir até o final do ano a aquisição de uma operação nos Estados Unidos e outra na América Latina. “Até o final do ano devemos ter isso concluído”, disse Toledo à agência Reuters, após a entrevista coletiva.

Executivos do BB vêm afirmando há meses o desejo de comprar alguma instituição financeira nos EUA para atrair imigrantes latino-americanos. O BB tem interesse tanto no varejo bancário norte-americano como em bancos de investimentos, para prestação de serviços em mercado de capitais. O banco obteve aprovação do Financial Holding Company (Finra) para que uma subsidiária exerça atividades de “underwriting” nos mercados de ações e de títulos de dívida nos EUA.

Semanas atrás, o BB – maior banco da América Latina, concluiu oferta de ações de quase R$ 10 bilhões, dos quais R$ 7 bilhões referentes à emissão de papéis novos. No prospecto da operação, o banco informava que os recursos seriam usados para fortalecer sua base de capital e para suportar o crescimento por eventuais aquisições. Antes, em abril, quando iniciou ofensiva rumo ao exterior, o Banco do Brasil fechou a compra do controle do Banco Patagônia, da Argentina, por cerca de US$ 480 milhões.

Com informações da Reuters e da Agência Brasil