Mercosul e União Europeia tentam retomar negociações

Brasília – Representantes do Brasil e da União Europeia participam nesta quarta-feira (14) de uma série de discussões na busca por acordos econômicos, depois da paralisação dos debates comerciais com […]

Brasília – Representantes do Brasil e da União Europeia participam nesta quarta-feira (14) de uma série de discussões na busca por acordos econômicos, depois da paralisação dos debates comerciais com o Mercosul – o 4º Encontro Empresarial Brasil-União Europeia. A crise fiscal que atingiu a Grécia e que ameaça outros países da região acabou provocando um recuo nas negociações sobre um acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. As informações são da BBC Brasil.

Devem ser assinados acordos entre o Brasil e a União Europeia de cooperação no esforço de facilitar os negócios entre a brasileira Embraer e os países europeus.

As conversas sobre um possível acordo estão suspensas desde 2004 e voltaram à tona no final do ano passado, quando a União Europeia demonstrou interesse em avançar no tema. Ainda sob o impacto da crise financeira internacional, a União Europeia ainda não conseguiu retomar o ritmo de importações registrado antes da turbulência.

No primeiro semestre, as exportações brasileiras para a região somaram US$ 19,2 bilhões, valor ainda abaixo dos US$ 22,1 bilhões do mesmo período em 2008, antes do agravamento da crise. Em entrevista a agências internacionais, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, disse não acreditar na possibilidade de retomada das conversas ainda neste ano.

“Vamos trabalhar para isso, mas é difícil”, disse o ministro. Segundo ele, países como França, Polônia e Irlanda estão entre os mais reticentes a uma liberalização comercial, que certamente afetará seus produtores agrícolas.

Segundo Miguel Jorge, a retomada das conversas conta com o apoio de Espanha e Itália – dois países mais simpáticos a um acordo com o Mercosul. Mas, de acordo com ele, isso não deve ser suficiente para superar um ambiente político “desfavorável” no qual se encontra a Europa.”Os agricultores sempre são muito fortes, especialmente na França. E na crise esse cenário fica pior”, disse o ministro.

No âmbito do Mercosul, o Brasil já tem um acordo assinado com Israel e, segundo Miguel Jorge, “há chances” de um acordo com a Turquia ser firmado ainda este ano.

O Itamaraty informou que a cúpula será uma oportunidade para a “troca de impressões” entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, em temas regionais e internacionais.

Um deles é a situação política em Honduras. O país está suspenso da Organização dos Estados Americanos (OEA), desde o golpe de Estado em junho de 2009, e com isso o presidente hondurenho, Porfírio “Pepe” Lobo, espera o reconhecimento do Brasil e de outros governos. Os europeus defendem ser necessário o voto de confiança ao presidente eleito em janeiro.

CNI

As divergências entre os países que compõem o Mercosul acabam atrapalhando as negociações diretas do Brasil com países estratégicos para fechar acordos bilaterais de comércio. A afirmação foi feita também nesta quarta (14) pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, no 4º Encontro Empresarial Brasil-União Europeia, no Itamaraty. “Se estivéssemos sozinhos, seria mais fácil. É claro que, juntos, nos fortalecemos na questão econômica, mas, por outro lado, há divergências entre Brasil e Argentina, por exemplo”, afirmou.

Andrade disse que as negociações com a União Europeia (UE) estão avançando muito lentamente. “É preciso (fechar) acordos que sejam mais bem aplicados”, afirmou. Segundo ele, é necessário discutir com o bloco europeu a questão do protecionismo comercial. “Somos uma economia de mercado aberta e temos enfrentado problemas com mercados de economia mais fechada, inclusive com barreiras não tarifárias”. O presidente da CNI acrescentou que, além da crise que levou a Europa a importar menos do Brasil, a valorização do real, a carga tarifária e o mercado interno muito grande, que está atraído muitas empresas estrangeiras, têm atrapalhado a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.

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