Encontro no PR promove novo modelo de produção de alimentos

Jornada de Agroecologia reúne articulações sociais que propõem alternativas ao poder econômico do agronegócio

Alunos do curso de paisagismo em atividade prática (Foto: Doraci Lourenço/Agência Paraná)

A 9ª Jornada de Agroecologia, organizada por diversas entidades da sociedade civil e com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), teve início nesta quarta-feira, 19, e vai até sábado, 22, na cidade de Francisco Beltrão (PR).

O evento reúne trabalhadores sem-terra, acampados, agricultores familiares, camponeses, colonos, quilombolas, indígenas, posseiros, pesquisadores, agentes pastorais, redes de escolas de agroecologia, delegações sindicais, ONGs, profissionais da rede de educação e saúde, articulações de economia solidária, etc.

Da edição deste ano, participam ainda cerca de três mil agricultores familiares da região Sul do Estado de Mato Grosso e uma delegação formada por pequenos agricultores de países da América Latina.

De acordo com dados do IBGE, a agricultura familiar corresponde a 84,4% das unidades rurais do País. No Paraná, há mais de 300 mil propriedades de agricultura familiar que envolvem, em média, a mão de obra de quatro trabalhadores por estabelecimento.

Segundo um dos coordenadores do evento, Luiz Perin, a Jornada vai “discutir um novo modelo de produção para a agroecologia. Estamos preocupados em construir uma nova matriz tecnológica com sustentabilidade para as propriedades e os agricultores familiares, respeitando o uso de produtos sem agrotóxicos e a natureza.” A afirmação foi dada ao portal do MDA.

Perin disse ainda que os agricultores familiares estão preocupados com o aumento do uso de agrotóxicos nas lavouras. Cerca de 90% da soja da região de Francisco Beltrão é transgênica e recentes pesquisas indicam, segundo os organizadores da jornada, a contaminação genética pelo milho transgênico no Paraná.

Para o superintendente do Incra, , Nilton Bezerra Guedes, as jornadas de agroecologia são fundamentais para o avanço do processo de reforma agrária e para o desenvolvimento de uma agricultura familiar mais saudável, com a preservação do meio ambiente.

Roberto Baggio, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e um dos coordenadores da 9ª Jornada de Agroecologia, disse já se pode falar em consolidação da agroecologia. O processo se incorporou nas comunidades, acampamentos, assentamentos, sindicatos, pastorais e a população rural está organizada. “Estamos preparados para enfrentar as grandes empresas internacionais e a colocação indiscriminada de produtos químicos nas lavouras brasileiras.”

Na avaliação de Baggio, foram as jornadas, com a participação efetiva dos movimentos sociais, que tornaram possíveis conquistas como a criação de uma Rede de Escolas Agrícolas e a facilidade que existe atualmente na comercialização direta dos produtos do campo com entidades urbanas.

Segundo o coordenador do MST, em todo o país são 100 mil famílias aguardando pelo processo de Reforma Agrária, 6 mil delas nos cerca de 60 acampamentos espalhados pelo Paraná.