Encontro no PR promove novo modelo de produção de alimentos
Jornada de Agroecologia reúne articulações sociais que propõem alternativas ao poder econômico do agronegócio
Publicado 21/05/2010 - 10h51
A 9ª Jornada de Agroecologia, organizada por diversas entidades da sociedade civil e com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), teve início nesta quarta-feira, 19, e vai até sábado, 22, na cidade de Francisco Beltrão (PR).
O evento reúne trabalhadores sem-terra, acampados, agricultores familiares, camponeses, colonos, quilombolas, indígenas, posseiros, pesquisadores, agentes pastorais, redes de escolas de agroecologia, delegações sindicais, ONGs, profissionais da rede de educação e saúde, articulações de economia solidária, etc.
Da edição deste ano, participam ainda cerca de três mil agricultores familiares da região Sul do Estado de Mato Grosso e uma delegação formada por pequenos agricultores de países da América Latina.
De acordo com dados do IBGE, a agricultura familiar corresponde a 84,4% das unidades rurais do País. No Paraná, há mais de 300 mil propriedades de agricultura familiar que envolvem, em média, a mão de obra de quatro trabalhadores por estabelecimento.
Segundo um dos coordenadores do evento, Luiz Perin, a Jornada vai “discutir um novo modelo de produção para a agroecologia. Estamos preocupados em construir uma nova matriz tecnológica com sustentabilidade para as propriedades e os agricultores familiares, respeitando o uso de produtos sem agrotóxicos e a natureza.” A afirmação foi dada ao portal do MDA.
Perin disse ainda que os agricultores familiares estão preocupados com o aumento do uso de agrotóxicos nas lavouras. Cerca de 90% da soja da região de Francisco Beltrão é transgênica e recentes pesquisas indicam, segundo os organizadores da jornada, a contaminação genética pelo milho transgênico no Paraná.
Para o superintendente do Incra, , Nilton Bezerra Guedes, as jornadas de agroecologia são fundamentais para o avanço do processo de reforma agrária e para o desenvolvimento de uma agricultura familiar mais saudável, com a preservação do meio ambiente.
Roberto Baggio, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e um dos coordenadores da 9ª Jornada de Agroecologia, disse já se pode falar em consolidação da agroecologia. O processo se incorporou nas comunidades, acampamentos, assentamentos, sindicatos, pastorais e a população rural está organizada. “Estamos preparados para enfrentar as grandes empresas internacionais e a colocação indiscriminada de produtos químicos nas lavouras brasileiras.”
Na avaliação de Baggio, foram as jornadas, com a participação efetiva dos movimentos sociais, que tornaram possíveis conquistas como a criação de uma Rede de Escolas Agrícolas e a facilidade que existe atualmente na comercialização direta dos produtos do campo com entidades urbanas.
Segundo o coordenador do MST, em todo o país são 100 mil famílias aguardando pelo processo de Reforma Agrária, 6 mil delas nos cerca de 60 acampamentos espalhados pelo Paraná.