PIB cai 0,2% em 2009, mas mostra recuperação

Resultado ficou acima da média mundial. No quarto trimestre, economia cresceu 2% sobre o terceiro e 4,3% em relação a igual período de 2008

São Paulo – Apesar da recuperação registrada no final do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,2% em 2009 ante 2008, no primeiro resultado negativo desde 1992, embora posteriormente o IBGE tenha alterado a metodologia de cálculo. Em 2008, o PIB cresceu 5,1%. Apesar de negativo, o resultado ficou acima da média mundial (próxima de -1%). Nos Estados Unidos, por exemplo, o PIB caiu 2,4% no ano passado, enquanto na zona do euro houve queda de 4%. Os indicadores brasileiros mostram trajetória de recuperação no último trimestre.

“Nos anos recentes, após o 3,2% de crescimento em 2005, a taxa acumulada em 12 meses acelerou até atingir o pico de 6,6% no terceiro trimestre de 2008. Em seguida, houve desaceleração, chegando a -1,0% no terceiro trimestre de 2009 e fechando o ano em -0,2%”, diz o IBGE, que divulgou os resultados nesta quinta-feira (11).

O consumo das famílias aumentou 4,1% em 2009, no sexto ano seguido de crescimento. O PIB per capita (R$ 16.414) caiu 1,2%, com crescimento de 0,99% da população. Em valores de mercado, o PIB chegou a R$ 3,143 trilhões.

 Em relação aos setores, a agropecuária recuou 5,2% em 2009, com a “redução na produção de culturas importantes, como o trigo (-16,0%), o milho (-13,5%), o café (-12,8%) e a soja (-4,8%)”. Na indústria (-5,5%), todas as atividades caíram, com destaque para indústria de transformação (-7,0%), seguida pela construção civil (-6,3%), e pela eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-2,4%). “A extrativa mineral registrou variação de -0,2%, com crescimento de 5,7% na produção de petróleo e gás e queda de 22,3% na extração de minérios ferrosos”, informou o instituto.

 Já o setor de serviços subiu 2,6%, com resultados positivos para intermediação financeira e seguros (6,5%), outros serviços (5,1%), serviços de informação (4,9%), administração, saúde e educação pública (3,2%) e serviços imobiliários e aluguel (1,4%). Caíram os serviços ligados à indústria de transformação: comércio atacadista e o varejista (-1,2%) e transporte, armazenagem e correio (-2,3%).

 Além do aumento de 4,1% do consumo das famílias, a despesa do consumo da administração pública aumentou (3,7%), enquanto a formação bruta de capital fixo (um indicativo de investimentos) caiu 9,9%. A taxa de investimento foi a menor desde 2006 e correspondeu a 16,7% do PIB. As exportações caíram 10,3% e as importações, 11,4%. “Desde 2005 o desempenho em volume das exportações não era superior ao das importações”, diz o IBGE.

O quarto trimestre mostrou sinais de recuperação da economia. Em relação ao terceiro trimestre, o PIB cresceu 2%, com aumento de 4% na indústria, alta de 0,6% em serviços e estabilidade na agropecuária. Já na comparação com o quarto trimestre de 2008, o aumento do PIB foi de 4,3%, com altas de 4,6% em serviços e 4% na indústria, enquanto a agropecuária recuou 4,6%.

Nessa mesma base de comparação, o destaque foi o crescimento do consumo das famílias, 7,7%, o 25º seguido nessa base de comparação, “influenciado pela continuidade do aumento da massa salarial real e do crédito para as pessoas físicas e pelo fato de a base de comparação ser o quarto trimestre de 2008”. Após três trimestres de queda, a formação bruta de capital fixo aumentou 3,6%.

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