Pesquisa sugere juros ‘bem menores’ em 2010

Levantamento de associação de executivos de finanças mostra redução de taxas em 2009 para todas as modalidades, exceto cartão de crédito

Redução média foi de 2,5 pontos percentuais ao ano, contra 5 pontos de queda da Selic (Foto: David Siqueira/Sxc.hu)

Os juros de todas as modalidades de crédito foram reduzidas em 2009 no Brasil, com exceção do cartão de crédito. Levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) publicada na quarta-feira (13) mostra reduções relativamente pequenas, mas constatadas continuamente. Por isso, a entidade acredita que, em 2010, haverá reduções mais significativas.

Entre as seis modalidades de crédito para pessoa física analisadas pela Anefac, a redução foi de 2,5 pontos percentuais ao ano, permanecendo em 121,71%, ou 6,86% ao mês. Apesar de elevada, é o menor patamar registrado pela pesquisa, realizada desde 1995. O CDC oferecia a melhor taxa, com 2,45% ao mês (33,7% ao ano). No caso das modalidades para empresas, houve redução média de 2,33 pontos percentuais, o que significa 53,22% ao ano.

Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac, explica que a redução foi importante por ocorrer nos meses em que a taxa básica da economia, a Selic não foi alterada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central. “Em outros momentos, a Selic era reduzida e os juros (bancários) não, até subiam”, lembra. Apesar disso, a Selic caiu cinco pontos percentuais no ano, de 13,75% em dezembro de 2008 para 8,75%.

“Tudo indica que, em 2010, as taxas vão continuar caindo, com o crédito subindo. O caminho está traçado”, completa Oliveira. A projeção da Anefac é de que o volume de empréstimos alcance 50% do Produto Interno Bruto (PIB), nível inédito no país e cinco pontos percentuais maior do que os atuais 44,9%. Apesar disso, a entidade não arrisca uma projeção do nível que as taxas devem alcançar neste ano.

O fato de os percentuais ainda serem bastante elevados é um dos motivos por que deve haver novos cortes. A redução da inadimplência e a competição maior, fruto do crescimento do número de empréstimos são apontados como os principais motivos para as reduções. O fato de a Selic permanecer baixa também desestimula operações de tesouraria, quer dizer, deixar dinheiro mobilizado em títulos da dívida pública, corrigidos pelos juros.

Medidas adotadas pelo governo, como a flexibilização dos compulsórios e o cadastro positivo, ainda não implantado, são consideradas positivas pelo executivo. A pressão do Executivo por redução nas margens bancárias (spread) e a necessidade de os bancos privados retomarem fatias de mercado perdidas em 2009 para os públicos, que atuaram mais agressivamente durante os momentos mais graves da crise econômica mundial também favorecem o cenário.

Piores opções

O cartão de crédito, dono da maior taxa, terminou dezembro em 10,68% ao mês, 0,12 ponto percentual do que no mesmo período de 2008. Isso equivale a 237,93% ao ano. O cheque especial é a segunda pior opção, com taxa média de 7,27% ao mês, ou 132,13% ao ano.

Para Oliveira, o motivo de o cartão de crédito ter a pior taxa é a falta de competitividade, resultante da dificuldade de se trocar de bandeira do cartão. Nesse caso, seria necessário alterar a legislação para tornar o setor mais competitivo.

Regionalmente, a pesquisa da Anefac constata variações de até 21 pontos percentuais entre as taxas de juros de crediários oferecidos por lojas de varejo. Em sete estados analisados, São Paulo tem taxa média de 84,15% ao ano, contra 105,82% do Rio Grande do Sul. A média desse tipo de operação é de 97,83% ao ano.

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